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Covid-19: Macedónia do Norte admite adiamento das legislativas previstas para abril

LUSA
16-03-2020 17:10h

O primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Zoran Zaev, apelou ao adiamento das eleições legislativas antecipadas previstas para meados de abril devido à epidemia provocada pelo novo coronavírus.

O pequeno, pobre e multiétnico país dos Balcãs, onde estão atualmente infetadas 19 pessoas, já introduziu medidas restritivas relacionadas com os espaços públicos para conter a propagação da Covid-19.

O Governo proibiu os eventos públicos e privados, encerrou as escolas, restaurantes e outros locais de concentração de pessoas.

Na segunda-feira, Zoran Zaev, que disputa um novo mandato após ter convocado as legislativas, apelou aos dirigentes dos partidos políticos para se reunirem e abordarem um eventual adiamento do escrutínio previsto para 12 de abril.

“A nossa saúde e a dos nossos próximos está em jogo. É mais que evidente que estas condições não permitem a realização normal das eleições”, declarou Zaev, líder da União social-democrata da Macedónia (SDSM), em conferência de imprensa.

O VMRO-DPMNE (Organização revolucionária macedónia do interior - Partido democrático para a unidade nacional macedónia, oposição de direita) já se manifestou disposto a um adiamento do escrutínio, que terá de ser aprovado pelo parlamento.

“Para nós, neste momento, as únicas prioridades são a saúde dos cidadãos e os meios de ultrapassar potencialmente uma grave crise económica”, declarou no domingo Aleksandar Nikoloski, vice-presidente do VMRO-DPMNE.

Os partidos que representam a importante minoria albanesa muçulmana do país (25% dos dois milhões de habitantes) devem pronunciar-se em breve e no mesmo sentido.

As legislativas antecipadas foram convocadas após Zaev não ter garantido em outubro uma promessa eleitoral decisiva, a abertura das negociações do país à União Europeia, devido à oposição de diversos Estados-membros.

A abertura do processo de adesão, apoiada pela Comissão europeia, constituía o objetivo principal do seu Governo.

Apesar da firme posição dos setores nacionalistas macedónios eslavos, Zoran Zaev desencadeou com o seu ex-homólogo grego, Alexis Tsipras, um processo complicado e politicamente arriscado para alterar no nome do seu país, então oficialmente designado Antiga República Jugoslava da Macedónia (Fyrom) mas geralmente apenas referida como Macedónia, e terminar com um conflito de quase três décadas com a Grécia.

O acordo de Prespa, que alterou em definitivo o nome do país para República da Macedónia do Norte (e que o distingue da província grega do norte designada Macedónia), foi assinado em junho de 2018.

No entanto, a cimeira de outubro não garantiu um consenso sobre a abertura das negociações de adesão da Macedónia do Norte, o atual nome do país, e da vizinha Albânia, recusada pela França, Holanda e Dinamarca.

No início de março, nos relatórios que submeteu aos Estados-membros sobre o avanço das reformas relacionadas com o Estado de direito na Macedónia do Norte e Albânia, a Comissão europeia referiu-se a “progressos significativos”.

Estes relatórios e um processo de alargamento mais estrito foram exigidos pelos Estados-membros antes de um reexame da questão na cimeira europeia de maio. É necessária unanimidade para adotar essa decisão.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 164 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.

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