Quarenta e cinco médicos da Unidade Local de Saúde de Barcelos e Esposende manifestaram-se preocupados com a eventual substituição do conselho de administração daquele organismo, numa carta em que sublinham também o seu “firme apoio” à continuidade dos atuais responsáveis.
Gonçalo Fernandes, um dos signatários, disse hoje à Lusa que a carta foi enviada ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ainda ao Ministério da Saúde.
“Não é uma posição contra ninguém, mas sim uma posição a favor da continuidade do atual conselho de administração, que tem desenvolvido um trabalho muito meritório e tem resultados muito positivos para apresentar”, referiu.
Os signatários sublinham a importância da “estabilidade institucional para manter e ampliar a qualidade dos cuidados de saúde prestados à população”.
“A gestão de uma ULS comporta assuntos muito complexos e é estabilidade para que tudo corra pelo melhor”, acrescentou Gonçalo Fernandes, que é diretor do bloco operatório do Hospital de Barcelos.
Para os médicos que subscreveram a carta, os critérios para a escolha dos administradores têm de ter por base a competência e o mérito e não a cor política.
“Isto de ‘muda o Governo, muda tudo’ não é nada bom, sobretudo quando, como é o caso, os resultados positivos estão à vista de todos”, disse ainda Gonçalo Fernandes.
Os signatários mostram-se surpreendidos com notícias que apontam para a “possível substituição” do atual conselho de administração e manifestam a sua preocupação.
“Esta mudança, num momento de evolução positiva e consistente, pode comprometer a continuidade de projetos cruciais e a estabilidade necessária para o desenvolvimento sustentado da ULSBE. Fazemos um balanço extremamente positivo do ano 2024 e do caminho trilhado até agora”, referem, na carta.
Dizem que a ULSBE “iniciou uma trajetória de crescimento e melhoria contínua, prometendo uma resposta cada vez mais robusta às necessidades” da comunidade.
Simultaneamente, implementou projetos inovadores e melhorias significativas, resultando num crescimento expressivo da ULSBE.
Entre as iniciativas mais impactantes, destacam, desde logo, o reforço de recursos humanos, “revertendo uma tendência negativa de anos” através de uma estratégia contínua de atração de jovens profissionais que veem na ULSBE uma instituição sólida e com futuro”.
Destacam ainda o desenvolvimento infraestrutural, como o “avanço significativo” no desenvolvimento do projeto do novo hospital de Barcelos, as melhorias nas instalações existentes, incluindo uma nova sala de radiologia, e os investimentos em equipamentos críticos, permitindo acompanhar o desenvolvimento tecnológico dos cuidados de saúde.
Apontam igualmente a inovação em cuidados de saúde, com a implementação de projetos de telemonitorização e digitalização “inovadores no panorama do Serviço Nacional de Saúde”, e criação de equipas multidisciplinares em áreas críticas como cuidados paliativos e doentes crónicos.
Por último, sublinham o aumento da capacidade assistencial, com um incremento de 30% na capacidade cirúrgica e com a redução das listas de espera.
“Neste sentido, expressamos o nosso firme apoio à continuidade do atual conselho de administração. Reconhecemos o trabalho meritório desenvolvido e sublinhamos a importância da estabilidade institucional para manter e ampliar a qualidade dos cuidados de saúde prestados à nossa população”, remata a carta.
A Lusa contactou insistentemente o Ministério da Saúde, mas não obteve qualquer resposta sobre a continuidade ou não do atual conselho de administração.
A ULS de Barcelos e Esposende é presidida desde janeiro de 2024 por Tiago Rodrigues.