A secretária regional da Saúde dos Açores disse ontem que a entrada em funcionamento do aparelho de Estimulação Magnética Transcraniana adquirido pelo executivo está dependente da formação dada aos profissionais de saúde.
“É uma formação que demora algum tempo. Terá um período de duas a três semanas de estudo mais teórico, que será feito via ‘online’, e posteriormente uma semana prática, que será realizada no Hospital do Divino Espírito Santo”, afirmou, em declarações à Lusa, a titular da pasta da Saúde nos Açores, Mónica Seidi.
A governante falava, em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião do grupo de trabalho para definir os pressupostos técnicos da implementação do projeto-piloto do rastreio do cancro do pulmão nos Açores.
O grupo parlamentar do Chega nos Açores questionou hoje o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) sobre o início do funcionamento do aparelho de Estimulação Magnética Transcraniana, para tratar doentes de Machado-Joseph.
“Há tratamentos inovadores que têm vindo a demonstrar melhorias em relação à doença Machado-Joseph, mas que ainda não se encontram disponíveis nos Açores, onde há uma grande incidência da doença, principalmente em São Miguel e nas Flores”, referiu o partido em comunicado de imprensa.
Questionada pela Lusa, Mónica Seidi disse que “o equipamento já foi entregue no Hospital do Divino Espírito Santo [em Ponta Delgada], onde será realizada a formação, que será coordenada pelo serviço de medicina física e reabilitação”.
“Além dos médicos desta especialidade, poderão assistir médicos de outras especialidades, nomeadamente neurologistas ou técnicos da área de fisioterapia, que possam vir a dar um auxílio a este tipo de doentes”, adiantou.
No entanto, “a formação será dada por uma médica estrangeira que terá de se deslocar à ilha”, o que “requer a compatibilização de várias agendas”.
“É uma questão que está a ser articulada. Já houve uma primeira data para que se iniciasse a parte teórica a meados de abril. Estamos a ver se há essa possibilidade de antecipar essa formação, que naturalmente está sempre condicionada pela disponibilidade dos diversos intervenientes”, apontou.
Segundo Mónica Seidi, a Direção Regional da Saúde adquiriu o equipamento depois de alguns doentes de Machado-Joseph, que se deslocaram ao Brasil, a título privado, para fazer um tratamento com este equipamento, terem apresentado “bons resultados do ponto de vista de reduzir a sintomatologia associada à doença”.
“É nossa intenção que o aparelho, se não houver problema de calibração, se desloque à ilha das Flores, uma vez que há uma prevalência bastante elevada destes doentes naquela ilha e também na ilha de São Miguel”, adiantou.
A governante disse ainda que “há outras indicações clínicas para a sua utilização”, por exemplo, na psiquiatria e noutro tipo de doenças neurológicos.
“Foi adquirido a pensar nos doentes de Machado-Joseph, mas naturalmente, havendo a possibilidade de ser rentabilizado e de trazer benefícios aos utentes do Serviço Regional de Saúde, é uma questão de articulação”, revelou.
A doença de Machado-Joseph é uma doença neurodegenerativa do sistema nervoso, que causa falta de coordenação motora, alterações na fala, dificuldades de deglutição, dificuldades de locomoção, fraqueza nos membros e visão dupla, entre outros sintomas.
Nos Açores, a maioria dos doentes reside nas ilhas das Flores e de São Miguel.