A presidente da Tanzânia confirmou hoje, na presença do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), um surto da doença do vírus de Marburgo na região de Kagera, no noroeste deste país vizinho de Moçambique.
"Os testes laboratoriais efetuados no Laboratório Móvel de Kabaile, em Kagera, e posteriormente confirmados em Dar es Salaam, identificaram um doente como estando infetado com o vírus de Marburgo; felizmente, os restantes pacientes suspeitos tiveram resultados negativos", afirmou a Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, durante uma conferência de imprensa conjunta com o líder da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Até hoje, foram notificados 25 casos suspeitos, todos com resultados negativos, que estão atualmente a ser acompanhados de perto, acrescentou a Presidente, esclarecendo que os casos foram registados nos distritos de Biharamulo e Muleba, em Kagera, de acordo com um comunicado da OMS.
"Resolvemos tranquilizar o público em geral na Tanzânia e a comunidade internacional como um todo sobre a nossa determinação coletiva em enfrentar os desafios globais de saúde, incluindo a doença do vírus de Marburgo”, disse Hassan, acrescentando: "Já demonstrámos no passado a nossa capacidade de conter um surto semelhante e estamos determinados a fazer o mesmo desta vez".
Na semana passada, a OMS tinha anunciado suspeitas de um novo surto, que matou oito pessoas.
"Temos conhecimento de nove casos até agora, oito dos quais morreram. Esperamos mais casos nos próximos dias, à medida que a vigilância à doença melhora", escreveu o diretor-geral da OMS na rede social X, no dia 15 de janeiro.
A região de Kagera já tinha sido palco de um surto de Marburgo em março de 2023, que durou quase dois meses e resultou em nove casos registados, incluindo seis mortes.
Até 11 de janeiro de 2025, tinham sido notificados nove casos suspeitos, incluindo oito mortes (taxa de letalidade de 89%) em dois distritos, Biharamulo e Muleba, disse ainda a OMS na semana passada.
A OMS está agora a apoiar as autoridades de saúde da Tanzânia para reforçar as principais medidas de controlo do surto, incluindo a vigilância da doença, os testes, o tratamento, a prevenção e o controlo das infeções, bem como a gestão dos casos e a sensibilização das comunidades para evitar uma maior propagação do vírus.
"A OMS, em colaboração com os seus parceiros, está empenhada em apoiar o Governo da Tanzânia a controlar o surto o mais rapidamente possível e a construir um futuro mais saudável, mais seguro e mais justo para toda a população da Tanzânia”, afirmou Tedros no comunicado hoje divulgado.
A Tanzânia notificou anteriormente um surto de Marburgo em março de 2023 - o primeiro do país - na região de Kagera, no qual foram notificados um total de nove casos (oito confirmados e um provável) e seis mortes, com uma taxa de letalidade de 67%.
Em África, acrescenta a OMS, foram notificados surtos anteriores e casos esporádicos em Angola, na República Democrática do Congo, no Gana, no Quénia, na Guiné Equatorial, no Ruanda, na África do Sul e no Uganda.
A doença do vírus de Marburgo, altamente virulenta e causadora de febre hemorrágica, pertence à mesma família do vírus que causa a doença do vírus Ébola, e começa de forma repentina, com febre alta, dores de cabeça fortes e mal-estar grave.
Este vírus é transmitido às pessoas pelos morcegos da fruta e propaga-se entre os seres humanos através do contacto direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infetados.
Não existe nenhum tratamento ou vacina autorizados para o tratamento ou prevenção eficazes da doença, mas o tratamento e os cuidados de apoio atempados melhoram a sobrevivência, lê-se ainda no comunicado da OMS.