O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia considera “incompreensível” que estejam a ser equacionadas mudanças na administração da Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho (ULSGE) e pediu uma reunião urgente à ministra da Saúde.
Num comunicado divulgado hoje, a autarquia liderada pelo socialista Eduardo Vítor Rodrigues diz que o município ficou “surpreendido com as notícias divulgadas nos últimos dias sobre a eventual substituição da administração da ULSGE e endereçou [na quinta-feira] uma carta à ministra da Saúde solicitando uma rigorosa análise da situação para evitar injustiças inadmissíveis num setor já muito marcado por problemas”.
“É incompreensível que se façam mudanças desta importância sem atender ao trabalho de excelência que tem sido feito”, lê-se na carta partilhada em anexo ao comunicado e que surge cerca de uma semana depois de ter também sido tornado público um abaixo-assinado dos diretores de serviço da ULSGE a exigirem ser ouvidos por Ana Paula Martins.
Na carta, Eduardo Vítor Rodrigues refere que “o município de Gaia tem sido um parceiro relevante na vida e nos projetos da ULSGE, incluindo na dimensão da comparticipação financeira municipal”.
“Priorizamos a Unidade Local de Saúde e o seu papel na vida do município e na qualidade de vida dos cidadãos”, refere.
O autarca diz não compreender o facto de a autarquia ter sido excluída desta eventual decisão “no espírito da boa articulação institucional”.
Para Eduardo Vítor Rodrigues, “a atual administração tem desenvolvido um trabalho ímpar, com claras conquistas para a comunidade e para a região”.
“Tem feito um trabalho excelente, com resultados excelentes (evidentes pela ausência de notícias más que têm caraterizado o SNS) e tem contribuído para um grande desempenho do SNS, como é facilmente comprovável”, acrescenta.
No abaixo-assinado divulgado na semana passada, também os diretores do Gaia/Espinho tecem elogios ao atual conselho de administração, liderado por Rui Guimarães, que terminou mandato em dezembro e aguarda indicações sobre se será reconduzido ou substituído.
Considerando que “a mudança só por si pode muitas vezes traduzir-se em simples perda de tempo e de dinheiro”, os diretores apontam que a agora ULSGE, antes centro hospitalar Gaia/Espinho, está a ser liderada há seis anos por Rui Guimarães “ao qual em muito se fica a dever a estabilidade e os níveis assistenciais alcançados”.
O abaixo-assinado dos diretores foi também endereçado ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, à ministra da Saúde e ao agora ex-diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra D’ Almeida.
A atual administração da ULSGE tomou posse em 2019.
Rui Guimarães foi nomeado diretor clínico do Hospital de Barcelos durante o governo de Pedro Passos Coelho, tendo sido conduzido para o Centro Hospitalar Gaia/Espinho quando Marta Temido tutelava a Saúde no primeiro governo de António Costa.
Em dezembro, o Ministério da Saúde liderado por Ana Paula Martins demitiu pelo menos três conselhos de administração de ULS: Lezíria, Alto Alentejo e Leiria.
A direção-executiva do SNS justificou estas mudanças como “novas abordagens de gestão”.
Além de Vila Nova de Gaia, preveem-se mudanças nas ULS do Alto Minho, Braga, Barcelos/Esposende e Vila Real pelo menos.