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MSF alertam para falta de serviços básicos para vítimas do ciclone Chido em Moçambique

Lusa
17-01-2025 12:05h

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para falta de serviços básicos para as vítimas do ciclone Chido na província moçambicana de Cabo Delgado, onde já assistiu mais de 200 pessoas com malária e diarreias.

“Um mês após o desastre, as necessidades humanitárias da população afetada permanecem urgentes. Relatos apontam para a falta de alimentos, abrigos e água potável, entre outras necessidades básicas de sobrevivência”, lê-se no documento da organização consultado hoje pela Lusa.

Segundo o relatório daquela organização, 30 dias após a passagem do ciclone, do total das 845 pessoas assistidas em consultas ambulatórias só na província de Cabo Delgado, pelo menos 145 pacientes foram tratados para diarreia aquosa aguda e 68 para malária, entre 30 de dezembro de 2024 e 05 de janeiro, sendo que, refere o documento, as doenças são causadas pela proliferação de mosquitos em águas estagnadas e à falta de acesso a água potável.

Para estancar as doenças, além da assistência médica e medicamentosa, os MSF estão a realizar atividades de consciencialização das vítimas do ciclone Chido face à prevenção das doenças, em que já participaram 367 pessoas das capacitações.

Dados atualizados pelas autoridades moçambicanas adiantam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique.

O documento dos MSF indica igualmente que a organização está a apoiar as vítimas com aconselhamento e formação em primeiros socorros psicológicos em que já participaram pelo menos 32 funcionários do Ministério da Saúde e agentes de saúde comunitários, além da ajuda na reabilitação dos centros de saúde dos distritos de Mecufi e Metuge, na província de Cabo Delgado.

Os MSF estão também a doar 'kits' de emergência e a auxiliar na instalação de sistemas de água potável e na reparação e reposição da energia como caminho para restaurar serviços essenciais.

“A urgência de respostas integradas que abordem não apenas as necessidades físicas, mas também o bem-estar mental das comunidades afetadas, é crucial para garantir que as populações em situação de vulnerabilidade possam se recuperar e reconstruir suas vidas diante de desastres climáticos cada vez mais frequentes”, defende Luísa Suárez, coordenadora médica de MSF, no documento enviado à Lusa.

O ciclone tropical intenso Chido, de nível 3 (numa escala de 1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na madrugada de 14 de dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, continuando, nos dias seguintes, a fustigar as províncias no norte de Moçambique, incluindo Cabo Delgado, com "chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes", segundo informação anterior do Centro Nacional Operativo de Emergência.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

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