SAÚDE QUE SE VÊ

Ordem dos Médicos diz que os 10 internos do Hospital Fernando Fonseca vão sair

Lusa
15-01-2025 20:49h

A Ordem dos Médicos (OM) considera que o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) está sem condições para assegurar a formação dos 10 médicos internos de formação específica, que “vão ter de sair”.

A informação foi hoje avançada pelo presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), Paulo Simões.

As entidades responsáveis da Ordem consideraram “que o Hospital não tinha condições nem tem condições para assegurar essa formação e os 10 internos da formação específica que lá estão vão ter de sair, assim como os internos de formação geral, uma vez que não lhes está a ser assegurada a formação desses internos dentro do Hospital”, disse em conferência de imprensa.

Paulo Simões esteve hoje reunido com vários desses médicos internos daquele hospital e comunicou a decisão aos jornalistas no final da reunião, numa conferência de imprensa na qual esteve também presente o presidente do Conselho Nacional do Médico Interno, José Durão, e Fernando Pereira, do Conselho Nacional da Pós-Graduação.

Fernando Pereira disse também aos jornalistas que a saída já era uma pretensão dos médicos internos e que já havia pedidos de transferência de alguns deles para outros hospitais. “Mais do que ser uma imposição da Ordem era pretensão dos próprios, de modo a verem salvaguardada a formação médica”, disse.

Paulo Simões recordou que em causa está um processo que se arrasta, na última fase, desde setembro do ano passado relacionado com o serviço de cirurgia do Hospital Amadora Sintra). No final de outubro 10 cirurgiões saíram do hospital devido ao regresso de dois outros médicos que tinham denunciado más práticas no serviço, que não se confirmaram.

O responsável disse também que em setembro passado alertou a administração do hospital para o risco de “o serviço implodir” perante a possibilidade de os dois médicos que tinham saído em mobilidade voltarem, um alerta que, disse, não foi valorizado, com a administração a julgar que a ameaça de saída dos médicos não se concretizaria.

A verdade, afirmou hoje, é que em janeiro o serviço “praticamente desapareceu”. E para piorar a situação a direção do Colégio de Cirurgia Geral avaliou a capacidade formativa do serviço, em novembro passado, e constatou “que não existem condições mínimas para a formação de internos de formação específica de cirurgia geral no hospital”.

De acordo com o responsável a situação “foi alvo de uma análise profunda” nos vários órgãos dentro da OM que tem essa competência, e todos consideraram que o hospital estava sem condições para assegurar essa formação.

Compete aos órgãos da tutela avaliar sobre as condições de assistência à população que tem atualmente o serviço de cirurgia do Hospital Amadora-Sintra, disse Paulo Simões, segundo o qual o serviço não consegue atualmente assegurar o número de cirurgias, porque o número de especialistas passou de 27 para sete. E disse saber também, informalmente, que há cirurgias adiadas e que o serviço de Oncologia está preocupado com falhas.

O futuro, admitiu, depende da capacidade do hospital em captar especialistas. E quanto à data de saída dos internos disse tratar-se agora de um processo burocrático e administrativo.

MAIS NOTÍCIAS