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Médio Oriente: Israel bombardeou 27 hospitais em Gaza, alguns seis vezes - ONU

Lusa
03-01-2025 17:23h

O Exército israelita bombardeou 27 hospitais e 12 centros médicos na Faixa de Gaza, alguns deles até seis vezes, revelou hoje o alto-comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se hoje de emergência, a pedido da presidência mensal argelina do órgão, para discutir os ataques israelitas às infraestruturas médicas na Faixa de Gaza, durante o conflito que perdura há quase 15 meses.

Segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo grupo islamita palestiniano Hamas, em conflito com Israel, estes ataques custaram a vida a 1.050 profissionais clínicos, todos eles, salientou Volker Turk, "civis que desempenham uma função crítica em tempo de guerra".

Os ataques israelitas fizeram 100 mil feridos nos quase 15 meses de guerra na Faixa de Gaza, e “muitos morreram à espera de tratamento por falta de acesso a cuidados médicos”, destacou o alto-comissário numa intervenção por videoconferência, ao mesmo tempo que criticou os crescentes obstáculos que Israel coloca.

Turk lembrou que no direito internacional é obrigatório distinguir entre alvos civis e militares, sendo que “o uso de artilharia pesada contra os hospitais é difícil de conciliar com este princípio”.

Além disso, atacar intencionalmente os hospitais onde os feridos são tratados “é um crime de guerra (…) e a destruição deliberada de infraestruturas médicas equivale a uma punição coletiva que constitui também um crime de guerra”, apontou.

O alto-comissário referiu que Israel argumenta - e hoje voltou a fazê-lo, momentos antes desta reunião, através do seu embaixador junto da ONU - que os seus ataques aos hospitais são justificados por servirem de esconderijo para militantes do Hamas.

No entanto, "Israel não forneceu informações suficientes para sustentar estas acusações, que são vagas e muitas vezes erróneas, em alguns casos contraditórias com a informação disponível", assinalou Volker Turk.

A serem verdadeiras, as acusações de Israel também equivaleriam a um crime de guerra cometido pelo Hamas, razão pela qual a Turquia pediu publicamente "uma investigação independente, transparente e completa" sobre os ataques a centros médicos e a sua alegada utilização indevida para fins militares.

Desde o início da guerra, Israel recusou-se a permitir investigações independentes sobre as suas ações no enclave, tal como impediu o acesso de jornalistas durante o conflito.

A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação em grande escala no enclave palestiniano, que matou acima de 45 mil habitantes, segundo as autoridades locais, e deixou o território destruído, a quase totalidade da população deslocada e mergulhada numa grave crise humanitária.

O Tribunal Penal Internacional emitiu em novembro passado mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o antigo ministro da Defesa da Israel Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, que as forças israelitas dizem estar morto.

Em causa estão as ações israelitas realizadas na Faixa de Gaza e os ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel.

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