O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra D'Almeida, assumiu esta terça-feira responsabilidades "pelas coisas que gostaria que estivessem diferentes", nomeadamente as urgências fechadas, e reconheceu que o plano de emergência para a saúde é "muito ambicioso".
"Eu, como diretor executivo, claro que assumo a responsabilidade das coisas que eu gostaria que estivessem diferentes. Se me perguntar, eu gostaria, claro, que todas as urgências estivessem abertas", disse aos jornalistas antes de uma visita às urgências do Hospital Pedro Hispano, da Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos (distrito do Porto).
O responsável disse que a direção executiva do SNS fez "os possíveis", e que "todos os profissionais que estavam disponíveis para vir trabalhar [...] foram escalados", agradecendo-lhes o esforço.
António Gandra d'Almeida foi questionado acerca do relatório do grupo de trabalho que acompanha a execução do plano de emergência para a saúde, e reconheceu que "é muito ambicioso".
"Mas todos os dias trabalhamos e tentamos fazer, e já cumprimos imensas metas para a população portuguesa e vamos continuar a trabalhar nesse sentido", disse aos jornalistas.
O relatório, a que a Lusa teve acesso, dá conta de que cinco medidas urgentes do plano de emergência da saúde não ficaram concluídas no prazo, em agosto, o mesmo acontecendo a 16 medidas consideradas prioritárias.
O grupo de trabalho que analisou o cumprimento das medidas do plano de emergência da saúde considerou também que o Governo foi demasiado ambicioso nalgumas e sugere a redefinição de prazos em matérias como a requalificação dos serviços de urgência.
"É bom ter um grupo de peritos que nos ajudem e que nos deem pontos onde podemos cumprir o plano de uma forma eficaz, por isso vejo como uma forma muito positiva para podermos continuarmos a cumprir tudo aquilo que já fizemos", disse Gandra D'Almeida.
O documento aponta para o incumprimento de duas medidas prioritárias no Eixo 1 - Resposta a tempo e horas, designadamente a criação da uma nova prioridade clínica para doentes oncológicos e o reforço do acesso à consulta especializada, ambas ainda “em curso”.
No Eixo 2 - Bebés e Mães em segurança estão por concluir duas medidas prioritárias: a criação de um regime de atendimento referenciado de Ginecologia de Urgência e a generalização do atendimento pediátrico referenciado, ambas ainda em curso.
Questionado acerca de novos prazos com os quais a direção executiva do SNS se possa comprometer, na sequência da recomendação do grupo de trabalho, António Gandra D'Almeida não respondeu, dizendo apenas que a análise foi feita "sobre um determinado momento", e que "entretanto já foi mais trabalho desenvolvido e já foram mais metas atingidas".
Já sobre a questão dos doentes oncológicos, o diretor do SNS disse que "foi cumprida a meta de não ter nenhum [com cirgurgia] por agendar na data prevista".
Relativamente às críticas da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) quanto à recusa de pedidos de várias ULS para abertura de vagas para contratar especialistas, Gandra D'Almeida disse que "há um concurso a decorrer".
"Está estabelecido que cumpre em relação às pessoas que acabaram a especialidade. Ao mesmo tempo, foi possível durante o ano contratar médicos fora do concurso, que estavam desvinculados do SNS, e creio que estamos a fazer o máximo de esforços para contratar mais profissionais", disse o responsável.