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Síria: Presidente da Turquia pede levantamento das sanções internacionais

Lusa
20-12-2024 14:35h

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu hoje o levantamento das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia (UE) contra a Síria para facilitar o trabalho das novas autoridades de Damasco.

Os jihadistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS) governam o país desde a queda do regime do antigo Presidente Bashar al-Assad, a 08 deste mês.

A Turquia é um dos principais atores na Síria, onde há anos leva a cabo uma campanha militar ao longo da fronteira contra as milícias curdas ligadas ao grupo armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está em guerra com Ancara há décadas.

“Vamos mostrar que chegou o momento de neutralizar estes terroristas, para que não nos chegue qualquer ameaça da nossa fronteira sul”, declarou Erdogan em declarações à agência noticiosa oficial turca Anatolia, no regresso de uma viagem oficial ao Egito.

“Estão condenados ao isolamento. Não têm futuro e o seu fim está próximo”, disse Erdogan, cujo país apoia as atividades das milícias sírias, como o Exército Nacional Sírio, na luta contra os grupos árabes-curdos no nordeste da Síria. 

Os Estados Unidos são aliados destes grupos na luta contra as células sírias da organização jihadista do grupo Estado Islâmico (EI), o que gera ocasionalmente fricções entre Ancara e Washington.

Em todo o caso, e de volta à arena política, Erdogan congratulou-se com a vontade da comunidade internacional de manter contactos com o homem forte do país, Abu Mohamed al-Golani, líder do HTS.

“Fiquei muito feliz”, disse Erdogan, referindo-se aos encontros do fim de semana entre al-Golani e o enviado especial da ONU, Geir Pedersen, antes de confirmar que o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, irá em breve à Síria para se encontrar com as autoridades.

A Turquia reabriu a embaixada em Damasco no passado fim de semana, após doze anos de vazio diplomático, e outros países seguiram o exemplo. 

A Rússia, um aliado tradicional de Assad, não planeia encerrar as suas missões diplomáticas no país.

“Na minha opinião, isso é uma vantagem para a Síria”, afirmou Erdogan.

Por fim, o Presidente turco juntou a voz às opiniões, como a expressa pelo próprio Pedersen, no sentido de levantar as sanções contra a Síria, inicialmente impostas contra o regime de al-Assad.

“Penso que será benéfico para a recuperação da Síria”, explicou o Presidente turco, cujo país participa ativamente no processo de transição política síria, colaborando na elaboração de uma nova Constituição.

As sanções que vigoram contra a Síria foram impostas em 2011, em resposta à violenta repressão exercida contra a população civil e visam igualmente empresas e empresários proeminentes que beneficiaram das ligações ao regime e da economia de guerra. 

As medidas restritivas passam também pela proibição de importação de petróleo, restrições de determinados investimentos, congelamento dos ativos do Banco Central da Síria detidos na UE e restrições à exportação de equipamento e tecnologia que possam ser usados para fins de repressão interna ou se destinem a vigiar ou intercetar comunicações telefónicas ou pela Internet.

Fazendo parte da linha de rumo específica seguida pela UE relativamente à aplicação de sanções, as sanções contra a Síria foram concebidas de forma a evitar que se obstrua a prestação de ajuda humanitária, pelo que a exportação de alimentos, medicamentos ou equipamento médico não está sujeita a sanções.

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