A Comissão de utentes dos serviços públicos de Santarém, em conjunto com um grupo de habitantes de Alcanhões, convocou uma concentração para o próximo sábado no posto saúde desta localidade, para reivindicar a contratação de um médico de família.
Segundo o presidente da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Santarém, Rui Raposo, esta concentração surge na sequência de um abaixo-assinado enviado ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao presidente da Câmara de Santarém, João leite, e ao presidente da Junta de Freguesia de Alcanhões, Pedro Esteves, a exigir a contratação de um médico de família, de que atualmente a freguesia não dispõe.
“Está em falta a existência de um médico de família nesta freguesia. Esta situação arrasta-se já há bastante tempo sem que se vislumbre a existência de uma solução para o problema”, afirmou Rui Raposo.
Em comunicado, a comissão considera que a falta de um médico de família naquela freguesia “compromete o direito à saúde previsto na Constituição da República Portuguesa” e põe em risco “a saúde e o bem-estar de todos, especialmente os mais idosos e vulneráveis”.
Face a esta situação, a comissão dirigiu ao primeiro-ministro um abaixo-assinado com mais de 400 assinaturas, no qual é exigida a colocação de um médico de família em Alcanhões.
Rui Raposo disse ainda que é necessária uma reivindicação mais firme por parte da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Santarém junto do Ministério da Saúde, “para que este problema possa ser resolvido o mais rapidamente possível”.
Num comunicado enviado à agência Lusa, a Junta de Freguesia de Alcanhões explicou que tem “pressionado as entidades competentes para garantir que a população tenha a atribuição de um médico de família”.
Segundo o documento, para colmatar a ausência do médico de família, a junta tem contado com o apoio da USF Alviela, que através de um Sistema de Intersubstituição “tem assegurado o atendimento médico na freguesia”.
“Desde agosto de 2024, este sistema tem funcionado com um total de oito períodos de apoio médico por mês, sendo dois por semana, o que proporciona alguma continuidade no atendimento. Além disso, a população tem à sua disposição a possibilidade de deslocação para a sede em Pernes, o que assegura que as consultas presenciais sejam cobertas, sem descurar também o apoio nas consultas domiciliares e renovação de receituário crónico”, lê-se no comunicado.
A junta de freguesia defende que nos últimos anos tem feito “um esforço contínuo para melhorar as condições do Polo de Saúde de Alcanhões”, desde “a remodelação das instalações em 2016” até “à criação de uma sala de copa equipada para os funcionários”, sustentando que é “difícil compreender as críticas à passividade” da autarquia.
O comunicado refere ainda que este problema não diz exclusivamente respeito à freguesia de Alcanhões, abrangendo “várias freguesias que se encontram em situações semelhantes, com populações que estiveram sem médico de família por períodos prolongados, seja por ausências imprevistas ou pela aposentação de profissionais”.
A concentração vai decorrer na porta do Centro de Saúde de Alcanhões, no próximo sábado, pelas 11:00.