Mais de 1.500 palestinianos foram deslocados à força pelo exército durante a noite de sábado para domingo de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, informou hoje o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).
Os trabalhadores humanitários do OCHA disseram que os palestinianos foram obrigados a passar por um posto de controlo israelita para a cidade de Gaza, tendo-os ajudado à medida que chegavam à zona.
Os deslocados relataram que as tropas israelitas cercaram no domingo a escola Jalil Awada, em Beit Hanoun (convertida num abrigo para cerca de 2.000 pessoas e de onde muitos deles vieram), e bombardearam-na “intensamente”.
O Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas, estimou inicialmente que 15 pessoas foram mortas no ataque israelita à escola. Horas mais tarde, o governo do Hamas – que controla o enclave palestiniano desde 2007 - elevou o número de vítimas mortais para mais de 43, incluindo crianças e mulheres.
“Dado o bloqueio israelita em curso no norte de Gaza, que entrou no seu terceiro mês consecutivo, é-nos impossível verificar de forma independente estes relatos ou prestar assistência aos restantes residentes nas áreas sitiadas”, disse a organização.
Questionadas pela agência noticiosa espanhola EFE, as Forças de Defesa de Israel (FDI) não avançaram qualquer comentário.
O norte da Faixa de Gaza está sob um cerco israelita há mais de dois meses, que causou cerca de 3.700 mortos e desaparecidos, segundo dados da Defesa Civil de Gaza. As forças israelitas também sitiaram os principais hospitais, centros de saúde, escolas e casas da zona.
Israel afirma que a sua ofensiva no norte tem por objetivo impedir o grupo extremista palestiniano Hamas de se reagrupar na zona, que inclui as cidades de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun.
“Nos termos do direito humanitário internacional, a proteção dos civis e a passagem segura das pessoas deslocadas são cruciais. Igualmente importante é garantir que os civis recebam o apoio de que necessitam para sobreviver, quer partam ou fiquem”, frisou o OCHA.
As estimativas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) indicam que entre 65.000 e 75.000 pessoas permanecem na zona sitiada no norte da Faixa de Gaza, embora este número não seja atualizado há semanas, enquanto dezenas de milhares foram obrigadas a fugir para a cidade de Gaza devido aos ataques israelitas.
Só em Jabalia e no seu campo de refugiados, que albergava a maior população das três cidades sitiadas, 70.000 pessoas fugiram para a capital ou deslocaram-se para Beit Lahia ou Beit Hanoun na sequência da entrada das tropas israelitas.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em Israel que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 45 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Também foram registados cerca de 800 mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental na sequência de operações das forças israelitas e de ataques de colonos israelitas.