O presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa, criticou hoje a transferência da gestão do hospital local para a União das Misericórdias Portuguesas, tendo já pedido uma reunião urgente à ministra da Saúde, anunciou o município.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou na quinta-feira que a ministra da Saúde já está a trabalhar com algumas Misericórdias, como as de São João da Madeira e de Santo Tirso, “para a transferência dos respetivos hospitais para as mãos das Misericórdias”.
“A Câmara Municipal de Santo Tirso lamenta ter sido informada pela comunicação social de uma medida com enorme impacto para a população do concelho sem que tenha sido chamada a dar o seu contributo para o processo de decisão”, lê-se no comunicado da autarquia do distrito do Porto.
Afirmando que “não tem nada contra a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, a quem reconhece um papel fundamental na prestação de serviços de assistência social no concelho”, a autarquia defende, contudo, a manutenção do Hospital de Santo Tirso no âmbito do SNS, por acreditar que é “o modelo que melhor garante a qualidade e equidade de acesso da população aos cuidados de saúde hospitalares”.
Na nota de imprensa, o município considera “incompreensível que esta medida seja tomada depois de terem sido cumpridos os investimentos de cinco milhões de euros anunciados pelo anterior Governo, na qualificação do Hospital de Santo Tirso e de, há precisamente um ano, ter sido inaugurado um novo edifício construído para albergar a Unidade de Apoio ao Serviço de Urgência e Cuidados de Saúde Primários na Área da Saúde Mental do Centro Hospitalar do Médio Ave”.
Neste contexto, classifica a decisão do Governo de “medida político-partidária, de desinvestimento do Governo no SNS, e que representa um retrocesso no caminho que tem vindo a ser trilhado desde 2016, quando foi revertida a homologação da passagem do Hospital de Santo Tirso para a União das Misericórdias, tomada pelo Governo liderado por Pedro Passos Coelho”.
O executivo de maioria socialista termina o comunicado assegurando “desconhecer por completo” os contornos do acordo, manifesta-se “solidário com todos os colaboradores do Hospital de Santo Tirso”, para quem pede a “garantia urgente de que esta decisão não vai colocar em causa os postos de trabalho”.
O primeiro-ministro anunciou na quinta-feira que o Governo vai “retomar o caminho” de transferir para as Misericórdias responsabilidades na gestão hospitalar.
“Este ato hoje simboliza o início de um novo tempo de reforço do papel das Misericórdias no SNS e eu quero muito que ele se possa concretizar em projetos nas próximas semanas, nos próximos meses. Um desses projetos será nós retomarmos um caminho que não devia ter sido travado: de contar com as Misericórdias na gestão de unidades hospitalares”, afirmou.