A Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo vai avançar com consultas de telemedicina nos cuidados de saúde primários, direcionadas para doentes crónicos e utentes das freguesias sem médico de família atribuído, foi hoje anunciado.
“É mais fácil hoje em dia contratarmos médicos ou empresas que possam fazer este serviço e prestar estes cuidados em determinadas circunstâncias, não necessitando da presença física dos clínicos”, disse hoje à Lusa o presidente do conselho de administração da ULS Médio Tejo, Casimiro Ramos, salientando que a dificuldade em captar médicos “é grande”, nomeadamente para as freguesias mais isoladas e dispersas no território.
Segundo o gestor, que falava à Lusa em Abrantes, no distrito de Santarém, à margem das jornadas sociais que debateram a visão de futuro da saúde na região, através da telemedicina o médico consegue à distância “resolver uma percentagem significativa de consultas” a utentes com doenças crónicas e “que necessitam de uma vigilância e acompanhamento”.
A medida anunciada pela ULS Médio Tejo resulta de um projeto-piloto de teleconsulta que está a ser desenvolvido desde o início de dezembro nos cuidados de saúde primários da freguesia de São Pedro, em Tomar, e que “coloca a tecnologia ao serviço dos utentes, garantido maior acesso e proximidade aos cuidados de saúde”, através de uma “resposta inovadora que envolve uma equipa multidisciplinar”.
Os utentes daquela unidade passaram a ter acesso a atendimento clínico dentro das instalações da unidade de saúde, mas através de uma consulta remota conduzida por um especialista em Medicina Geral e Familiar, modelo que vai ser alargado a outros locais a partir de 2025.
“Esta é uma aposta para o médio e longo prazo e em janeiro contamos alargar a mais locais”, afirmou Casimiro Ramos.
O responsável apontou o exemplo de Mação como uma das prioridades, pelas características do projeto que será direcionado para as “freguesias mais distantes, sem médico de família atribuído, ou onde o clínico esteja indisponível por motivo de doença ou outros”.
Em comunicado, a ULS Médio Tejo indica que as consultas são “realizadas a partir de uma plataforma de telemedicina de última geração, em três dias da semana”, permitindo “o acesso a cuidados de saúde personalizados, prestados por uma equipa multidisciplinar de profissionais” de saúde.
A resposta “é direcionada principalmente aos utentes que não têm médico de família atribuído e a doentes com doença crónica”, salienta a ULS, e irá “permitir uma maior proximidade e acompanhamento dos cuidados e vigilância da saúde, otimizando recursos existentes e garantindo uma resposta mais célere às necessidades” dos utentes.
Através da tecnologia, acrescenta a ULS, “o médico em acesso remoto pode realizar todos os atos que não envolvam a auscultação direta e exames físicos” e, “se necessário, o profissional de enfermagem afeto às consultas de telemedicina poderá realizá-las, garantindo em tempo real e de forma interativa todos os elementos necessários de uma consulta presencial”.
A ULS refere ainda que “o desenvolvimento das soluções de saúde digital no SNS [Serviço Nacional de Saúde], nomeadamente a prescrição eletrónica de receitas, exames ou análises clínicas, permite também ao médico realizar todas as funcionalidades, como se estivesse no gabinete”, e que “o profissional administrativo que integra esta equipa está habilitado a imprimir as receitas de fármacos, exames, ou outros documentos que sejam necessários”.
A ULS Médio Tejo passou a agregar no dia 01 de janeiro de 2024 o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, assegurando a prestação dos cuidados de saúde nos concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha (todos do distrito de Santarém) e Vila de Rei (distrito de Castelo Branco).