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Médio Oriente: Diretor de hospital no norte de Gaza diz que situação é catastrófica

LUSA
06-12-2024 10:28h

O diretor dum hospital na zona da Faixa de Gaza cercada por Israel há mais de 60 dias disse hoje que a situação é catastrófica dentro e fora das instalações, após os ataques israelitas da última noite.

"Há muitos mortos e feridos, incluindo quatro membros das equipas médicas do hospital. Não há mais cirurgiões", afirmou Hussam Abu Safiya, responsável pelo hospital Kamal, em Beit Lahia, o principal do norte de Gaza.

De acordo com a agência noticiosa palestiniana Wafa, 30 pessoas foram mortas nos ataques em torno do hospital.

Imagens divulgadas por Abu Safiya mostram uma fila de pelo menos 16 corpos amortalhados no pátio das instalações, incluindo uma criança.

"De manhã, ficámos chocados ao ver centenas de cadáveres e feridos à volta do hospital", acrescentou em comunicado.

O número definitivo de vítimas ainda não foi determinado por fontes independentes. 

O diretor disse que o Exército bombardeou e disparou contra as zonas norte e oeste do hospital, tendo depois enviado dois soldados com um altifalante para o centro para ordenar a evacuação.

"Recebi ordens para retirar todos os doentes, pessoas deslocadas e equipas médicas, e também para evacuar o pátio do hospital e levar todos à força para o posto de controlo", disse.

Uma delegação médica que se encontrava no hospital Kamal Adwan "foi a primeira a ser obrigada a dirigir-se ao posto de controlo israelita".

Questionadas pela agência de notícias espanhola EFE, as Forças Armadas disseram que estavam "a analisar a informação" publicada sobre o assunto, embora não tenham dado pormenores sobre os acontecimentos das últimas horas.

"Caminhámos do Kamal Adwan até à rua Salah al Din (Saladino) e fomos recolhidos por uma ambulância", disse uma porta-voz da delegação hospitalar indonésia após a evacuação forçada do centro.

Esta rua é uma das artérias que atravessam o enclave e que o Exército israelita criou para permitir a saída da população da zona sitiada (Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun).

Na quarta-feira, milhares de pessoas abandonaram os locais com receio dos ataques israelitas, que já deixaram mais de 3.700 mortos e desaparecidos, naquela área.

Durante os ataques da última noite, as forças israelitas atingiram os geradores de oxigénio do centro.

Além disso, apenas dois cirurgiões "sem experiência médica suficiente" permanecem no hospital para efetuar intervenções.

"Foram forçados a começar a operar apesar da falta de experiência, há 20 feridos que precisam de tratamento urgente", lamentou Abu Safiya.

A agência Wafa afirmou que aviões israelitas bombardearam durante a madrugada uma casa de família onde se abrigavam muitos deslocados.

Além disso, a agência local registou um outro ataque na cidade de Jabalia, contra a escola Al Rafei, no qual morreram mais duas pessoas.

As equipas da Defesa Civil, que recolhem os corpos nos escombros e nas ruas de Gaza, continuam impossibilitadas de trabalhar na zona sitiada pela ofensiva israelita.

Desde que Israel iniciou a campanha de ataques a Gaza, em 07 de outubro de 2023, em resposta aos ataques das milícias palestinianas ao território israelita, mais de 44.500 palestinianos foram mortos no enclave, 70% dos quais mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.

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