Portugal assegura, a partir de hoje, dez especialidades médicas à população guineense através de um projeto de telemedicina que ambiciona que a saúde deixe de ser um privilégio de poucos na Guiné-Bissau.
O projeto "Novos Horizontes para Cuidados Especializados e Telemedicina na Guiné-Bissau" foi lançado hoje no Hospital Militar, em Bissau, com uma consulta de cardiologia, em que um médico guineense e uma médica portuguesa observaram um paciente na Guiné-Bissau e discutiram o diagnóstico.
Além da cardiologia, o projeto abrange as especialidades de gastroenterologia, urologia, imagiologia, dermatologia, oftalmologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e neonatologia e análises clínicas.
Portugal financiou a formação e a aquisição de equipamento também para os exames de diagnóstico, como aparelhos de TAC e Raio X, através do Instituto Camões, por intermédio do Programa de Apoio à Resposta de Saúde nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
O projeto de telemedicina é cofinanciado e implementado pelo Instituto Marquês de Valle Flor (IMVF), cujo administrador executivo, Ahmed Zaki, classificou como um “marco no fortalecimento dos serviços de saúde” na Guiné-Bissau.
Segundo explicou, na cerimónia de lançamento, este projeto nasceu da análise das necessidades do país e tem o foco em serviços especializados, com recurso a tecnologias modernas.
A tecnologia “é o único caminho para ultrapassar as barreiras do sistema”, onde escasseiam os serviços de saúde e o acesso é dificultado pela falta de uma rede de estradas ou transporte, no caso da população que vive nas ilhas Bijagós.
A telemedicina instalada no Hospital Militar passa a permitir a assistência clínica em colaboração com os profissionais portugueses.
“Para que a saúde seja um direito acessível a todos e não um privilégio de poucos”, vincou o representante do Instituto.
O embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, Miguel Cruz Silvestre, esclareceu que este projeto se enquadra numa parceria mais ampla no setor da saúde, entre os dois países, em que a aposta é a “formação dos profissionais de saúde direcionada para os principais problemas” nesta área.
A ideia desta nova parceria surge, segundo disse, na sequência de um projeto iniciado pela União Europeia direcionado para a maternidade e a infância.
Apesar de a principal unidade de saúde da Guiné-Bissau ser o Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, o escolhido para o projeto foi o Hospital Militar, que, como disse o embaixador, também serve a população civil guineense.
O Hospital Militar é cada vez mais procurado pela população que alega encontrar ali mais respostas.
O lançamento deste projeto de telemedicina acontece no dia em que no Hospital Simão Mendes teve início mais uma vaga de greves contra a falta de meios e condições alegadas pelo sindicato que convocou o protesto.
O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, esteve presente na cerimónia no Hospital Militar, sem prestar declarações aos jornalistas.
No discurso que fez, o chefe de Estado destacou “a importância e o avanço” na área da saúde com o recursou à telemedicina e a disponibilização de mais equipamentos e serviços.
O Presidente recomendou que se faça “bom uso” desse equipamento e que os profissionais de saúde não deixem de aprender sempre.
Sissoco Embaló registou este avançou e voltou a insistir que “para tudo é preciso estabilidade” e que todos têm que contribuir para a estabilidade na Guiné-Bissau, incluindo os militares.