O presidente do sindicato de funcionários do Simão Mendes, principal hospital da Guiné-Bissau, denunciou hoje o que considerou de “carência em tudo” naquela unidade médica e anunciou que a partir de quarta-feira entrará “numa onda de greves".
Em conferência de imprensa, Ibraimi Sambu disse que decidiu convocar a imprensa para que ajude o sindicato a “fazer chegar” as preocupações ao Governo, e ao povo guineense no geral, sobre “o que se passa no Simão Mendes”.
“Entendemos que ninguém se importa com o que se passa no hospital Simão Mendes, maior centro médico do nosso país”, afirmou Ibraimi Sambu.
O sindicalista deu como exemplos o facto de o sistema de canalização de oxigénio a doentes só existir nos Cuidados Intensivos, embora, alertou, com a tubulação “toda furada e com fuga de gás”.
Ibraimi Sambu afirmou que “há muito” que os técnicos têm exortado a direção do hospital a resolver o problema e ainda a instalar o sistema de canalização de oxigénio noutros serviços do hospital.
“O Simão Mendes tem carências em tudo. Assistimos aqui à movimentação de botijas de oxigénio de um lado para outro nos serviços do hospital, com todos os riscos inerentes”, sublinhou Sambu, apontando ainda para o facto de o hospital “ter apenas uma sala de partos”.
O sindicato entregou à direção do hospital e ao Governo um caderno reivindicativo, a 14 de outubro, mas, até hoje, não foi chamado para conversações por forma a evitar a onda de greves anunciada para se iniciar na quarta-feira, disse.
O caderno exige a melhoria das condições de trabalho, compra de equipamentos médicos e sanitários e o pagamento de cerca de 12 meses de salários a vários técnicos, nomeadamente aos contratados no hospital.
Ibraimi Sambu avisou que, a partir de quarta-feira, se houver uma falha no fornecimento de energia da rede pública, como tem acontecido nos últimos dias em Bissau, o Simão Mendes corre o risco de ficar às escuras.
“Os técnicos da manutenção, que trabalham nos geradores do hospital, vão estar de greve”, bem como os que trabalham na esterilização dos equipamentos e nos serviços das ambulâncias de transporte de doentes, adiantou.
A Lusa tentou, sem sucesso, obter uma reação junto da direção do hospital Simão Mendes.