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Adesão à greve na Raríssimas Moita é de 100% - sindicato

Lusa
02-12-2024 13:07h

A greve convocada para hoje na Associação Raríssimas regista uma adesão de 100%, mas estão a ser assegurados os serviços mínimos, revelou fonte sindical durante uma concentração de trabalhadores junto à instituição, na Moita, distrito de Setúbal.

 Cerca de três dezenas de trabalhadores da Raríssimas, Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras que aderiram à greve concentraram-se hoje junto à instituição, em protesto contra os atrasos no pagamento de retroativos e subsídio de férias.

  Os trabalhadores da Raríssimas cumprem uma greve de 24 horas convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), para exigirem a regularização das dívidas e denunciar o agravamento da situação financeira da instituição.

   A Associação Raríssimas é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) abrangida pelo Contrato Coletivo de Trabalho do setor, mas, segundo o CESP, desde há sete anos que não atualiza os salários de acordo com as tabelas salariais em vigor.

  “A direção não nos paga o subsídio de férias e diz-nos que não tem previsão para pagar. Eu tenho o subsídio de férias em atraso e, daqui a poucos dias, tudo indica que vou ter também o subsídio de Natal em atraso. Além disso, estou como auxiliar de segunda categoria, mas a receber o salário como auxiliar de terceira”, disse à agência Lusa Sílvia Santos, auxiliar de ação direta da Raríssimas há cerca de três anos.

  “A direção também mudou os horários sem o nosso consentimento e retirou-nos o subsídio de turno”, acrescentou Sílvia Santos, lamentando a “falta de diálogo” com os trabalhadores.

 Segundo a delegada sindical Helena Caldeira, no passado mês de novembro “a direção da Raríssimas informou os trabalhadores de que a instituição tem um prejuízo mensal de 30 mil euros, mas não revelou o montante global da dívida”. 

“Esperamos que a Segurança Social possa ajudar a instituição através do fundo de socorro porque estamos preocupados com o futuro da instituição, com o nosso futuro, porque nós trabalhamos com utentes vulneráveis, que dependem totalmente de nós, sendo que alguns não têm família, estão entregues à instituição”, acrescentou Assunção Jerónimo, também delegada sindical e auxiliar de Ação Direta da Raríssimas, há cerca de 11 anos.

 

  Adiantou ainda que a Raríssimas tem atualmente cerca de 100 trabalhadores que prestam cuidados a dezenas de pessoas com doenças raras nas diversas valências da instituição, designadamente no Lar Residencial, com 22 utentes, e no Centro de Dia, que além dos utentes do lar recebe mais 10 a 20 utentes externos.

  Assunção Jerónimo disse ainda que os trabalhadores acreditam que uma grande parte dos problemas financeiros da instituição se deve a “má gestão” e à “falta de apoios”, após a polémica gerada por uma reportagem da TVI em 2017.

   Na reportagem da TVI, a então presidente da direção da Raríssimas, Paula Brito e Costa, que mais tarde se demitiu, era acusada de utilizar dinheiro da instituição para gastos pessoais, polémica que terá levado à retirada de vários apoios de que a instituição beneficiava no âmbito da lei do Mecenato.

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