O Presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel realçou quarta-feira que a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos era previsível e que o seu país está preparado, na primeira reação três semanas depois do triunfo do republicano.
Miguel Díaz-Canel fez estas declarações num encontro informal mas planeado com um grupo de residentes do município de Lajas (centro), no âmbito de uma das suas visitas às províncias sem o acompanhamento dos 'media' internacionais.
A sua intervenção foi transmitida pela televisão estatal e pelos perfis oficiais do Governo nas redes sociais, noticiou a agência Efe.
"Para nós os resultados destas eleições não são novos. Era um cenário previsto", frisou Díaz-Canel, também primeiro secretário do Partido Comunista Cubano (PCC, o único legal).
"Era um cenário provável e estávamos a preparar-nos para esse cenário", acrescentou.
O chefe de Estado cubano criticou as sanções dos Estados Unidos contra a ilha, que descreveu como "perversas e genocidas".
Lembrou que a última série de sanções foi imposta durante o primeiro mandato do republicano Trump e que o atual presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, "manteve a mesma posição de hostilidade".
O líder cubano, que manifestou vontade de dialogar "em igualdade de circunstâncias" e "sem imposições" com Washington, afirmou que o seu governo não aceitará "ingerências" nem renunciará ao seu "modelo de construção socialista".
Reiterou ainda que as sanções dos Estados Unidos são a causa da atual crise que o país atravessa, responsabilizando Washington pelos apagões e pela escassez de bens básicos, como alimentos e medicamentos.
A maioria dos peritos independentes concorda que a situação atual na ilha se deve ao facto de a pandemia de covid-19, o endurecimento das sanções dos EUA e os erros na política económica e monetária nacional terem agravado os problemas estruturais do país, que não alcançou uma posição sustentável por décadas.
A grave crise, que já dura há cinco anos, tem gerado um descontentamento crescente, visível nos inusitados protestos que se têm registado nos últimos anos e no êxodo migratório sem precedentes que o país está a viver.
O produto interno bruto (PIB) cubano contraiu 1,9% em 2023, segundo dados oficiais, e o Governo já anunciou que não espera crescimento no corrente ano.