“O plano de inverno da ULS da Região de Leiria (ULSRL) prevê, de uma forma muito simplista, acautelar tudo o que são os impactos negativos esperados e alguns não esperados da época”, afirmou à agência Lusa a coordenadora do plano, a médica Ana San-Bento.

O plano de contingencias da ULSRL tem três níveis de gravidade crescente, cada um com medidas gerais e específicas.

Segundo esta responsável, os riscos prendem-se com o facto de se registar mais frio, “uma maior incidência de doenças respiratórias e também de descompensação de doenças crónicas”.

“Tudo isto contribui para uma maior procura dos cuidados hospitalares”, tornando-se “muito notória” a sobrecarga, “mas também a nível dos cuidados de saúde primários”, adiantou.

Referindo que os médicos de família têm “a parte de prevenção de cumprimento de programas de saúde, que devem encontrar forma de continuar”, Ana San-Bento salientou a importância da vacinação.

“A vacinação é fundamental, porque consegue prevenir que estes extremos e este impacto negativo” alcancem maior dimensão, apontou.

Garantindo que a ULSRL está “a tentar precaver a onda de procura que se vai formar, necessariamente, no inverno”, a médica assegurou que se está a preparar, antecipadamente, de “forma participada com os diversos serviços que serão afetados”, a melhor resposta com os recursos disponíveis.

Questionada sobre eventuais novos encerramentos das urgências do Hospital de Santo André, em Leiria, Ana San-Bento frisou que esta é a “medida menos desejada”, pois “restringe o acesso dos utentes”, e apenas concretizada “de forma proporcional ao risco” avaliado.

“É verdade que temos uma época com vários desafios, é verdade que não sabemos exatamente quando é que eles coincidem ou têm maior expressão, mas temos um sistema de vigilância montado de forma a poder vigiar, analisar o risco de forma sistemática, diária, semanal, com uma equipa que inclui elementos das diversas partes afetadas, desde os cuidados de saúde primários, os cuidados hospitalares, cuidados continuados, serviços de saúde pública, serviços de saúde mental”, entre outros, continuou.

A coordenadora frisou que o risco é avaliado sistemática e regularmente, para depois ativar “medidas que são proporcionais”.

“Todas as opções vão sendo estudadas”, sustentou, realçando a existência da Linha SNS 24 (800242424), que “vai ser uma ajuda enorme este inverno”, para apelar aos cidadãos que “utilizem corretamente” o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com as “ferramentas que já estão disponíveis”.

A este propósito, a coordenadora apontou o projeto nacional lançado pelo SNS “Ligue Antes, Salve Vidas”, que pretende tornar as urgências mais eficientes, garantindo a melhoria da qualidade na prestação de cuidados e o tempo de espera para atendimento.

Para Ana San-Bento, “introduz, com uma proximidade extraordinária da pessoa, porque está à distância de um telefonema, a possibilidade de ser ouvida, ter um primeiro aconselhamento e, muito importante desde logo, encontrar um profissional de saúde” que de alguma forma a dirige, “consoante a gravidade que consegue avaliar, para o melhor circuito que serve, quer a pessoa na sua situação pontual, quer o SNS, que sofre cada vez que tem uma afluência exagerada”.

“Se conseguirmos isto, estamos a falar de urgências que não estão sobrelotadas, em que os profissionais estão concentrados em situações complexas e graves”, sublinhou.

Ainda sobre a possibilidade de encerramento das urgências, insistiu que apenas se toma “quando a qualidade mínima desejável e segurança não estejam asseguradas” pelo número de elementos disponíveis, notando que a escassez de recursos humanos “é muito difícil de contornar”.

A área de influência da ULSRL corresponde aos concelhos de Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Ourém, Pombal e Porto de Mós. Compreende três hospitais (Leiria, Pombal e Alcobaça) e vários centros de saúde.