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Moçambique/Eleições: Militares assumem atropelamento de uma jovem em protestos em Maputo

Lusa
27-11-2024 15:46h

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) assumiram hoje terem atropelado uma jovem na capital moçambicana, esclarecendo que o veículo encontrava-se “numa missão de proteção de objetos económicos” contra manifestantes e que a vítima foi socorrida.

“Esta viatura encontrava-se em missão de proteção de objetos económicos essenciais, limpeza e desbloqueio das vias de circulação, no âmbito das manifestações pós-eleitorais e fazia parte de uma coluna militar devidamente sinalizada”, lê-se num comunicado de imprensa do Ministério da Defesa de Moçambique a que a Lusa teve acesso.

No documento refere-se ainda que a vítima foi “prontamente socorrida” no Hospital Central de Maputo, garantindo que se encontra a receber tratamento hospitalar “adequado”.

“As Forças Armadas lamentam profundamente o ocorrido e assumem total responsabilidade na assistência médica e psicossocial da vítima, no entanto, apelam às populações a observar, meticulosamente, as medidas de segurança relativamente ao respeito ao código de estrada e as prioridades das viaturas militares”, acrescenta-se no documento do Governo.

Uma fonte familiar confirmou à Lusa que a jovem que foi atropelada na manhã de hoje por um veículo de militares durante protestos no centro da capital moçambicana se encontra em estado grave.

A fonte referiu que a vítima encontra-se sob cuidados dos profissionais de saúde no Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade hospitalar do país, que também confirmou à Lusa que a jovem vítima de atropelamento está sob observação médica.

A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) assegurou estar a acompanhar o caso, prometendo pronunciar-se mais tarde.

 O centro de Maputo vive desde esta manhã momentos de caos, com dezenas de manifestantes a apedrejarem viaturas da polícia, entre ruas totalmente bloqueadas, depois de uma jovem ter sido atropelada por militares, quando protestava no centro da avenida Eduardo Mondlane.

O trânsito em várias avenidas centrais de Maputo está totalmente bloqueado por manifestantes, que impedem a circulação, enquanto a polícia está a responder com lançamento de gás lacrimogéneo, em novos protestos contra o processo das eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, convocado pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

O atropelamento da jovem, por uma viatura militar blindada que circulava em alta velocidade, cerca das 09:30 locais (07:30 em Lisboa), levou à ira dos manifestantes, que até então estavam apenas a cortar a circulação automóvel em praticamente todas as artérias centrais de Maputo.

À passagem de qualquer viatura policial, incluindo blindados, os manifestantes respondem com o arremesso de pedras e paus, pelo menos nas avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, centro da capital moçambicana.

Cerca das 11:00 locais (09:00 de Lisboa), as autoridades disparam balas reais e foram cercadas por dezenas de populares.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir de hoje, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

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