Os Médicos Sem Fronteiras alertaram hoje para novas deslocações em vários distritos do norte de Moçambique nas últimas semanas, devido a "um aumento de ataques reivindicados por um grupo armado não estatal numa área geográfica mais vasta" em Cabo Delgado.
Em comunicado, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) acrescenta que a situação de segurança em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, "permanece volátil, com operações militares das forças moçambicanas e aliadas, nomeadamente do exército ruandês, em curso nas zonas costeiras”.
A MSF salienta que a escalada da violência em Moçambique, aliada às ameaças de doenças e de fenómenos climáticos, estão a solicitar ainda mais a assistência desta organização, que está a tentar responder aos deslocados e aos que entretanto regressaram.
Sete anos após o início da violência, as necessidades de saúde e humanitárias em Cabo Delgado continuam a ser muito significativas, tanto para as pessoas que permanecem deslocadas, como para aquelas que regressaram aos locais de onde partiram devido à violência.
A MSF, que trabalha em Cabo Delgado desde 2019, prepara-se para responder a um potencial aumento de casos de cólera e de outras doenças relacionadas com a água, devido à escassez de água limpa na região.
Nas instalações de saúde onde a MSF presta apoio estão já a ser registados elevados números de casos de malária, que se estima aumentarem durante a época chuvosa, a qual está prestes a chegar, bem como uma maior probabilidade de ciclones.
Enquanto isso, a organização continua a ter de dar resposta às necessidades da população em zonas de difícil acesso, com a prestação de serviços a nível comunitário e apoio a centros de saúde e hospitais, providenciando cuidados em saúde mental, melhorias em água e saneamento, serviços de saúde sexual e reprodutiva e assistência a pessoas com VIH e com tuberculose, prossegue o comunicado.
Desde outubro de 2017 que a província de Cabo Delgado, rica em reservas de gás natural, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo fundamentalista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, na sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.