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PM francês garante que julgamento do caso Pelicot “marcará um antes e um depois”

Lusa
25-11-2024 16:48h

O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, garantiu hoje que o julgamento no sul da França de 51 homens acusados de violar Gisèle Pelicot, incluíndo o seu ex-marido, “marcará um antes e um depois” na violência contra as mulheres.

O processo de multiplas violações a Gisèle Pelicot, de 71 anos, “marcará um antes e um depois" (um ponto de viragem) na luta contra a violência contra as mulheres, disse Michel Barnier, acrescentando que "o combate à violência contra as mulheres exige a mobilização de toda a sociedade".

"É uma questão social, uma luta justa e necessária”, sublinhou.

O Ministério Público francês pediu hoje a pena máxima de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot de 72 anos, por ter drogado, violado e mandado violar a sua mulher por dezenas de homens recrutados na Internet, ao longo de uma década (entre 2011 e 2020), na sua casa em Mazan, no sudeste de França.

Durante o julgamento com repercussões internacionais em Avignon, Gisèle Pelicot tornou-se num ícone feminista depois de se recusar a ter um julgamento à porta fechada “para que a vergonha mudasse de lado" no caso em que os arguidos respondem por 200 crimes de violação.

Este caso “levanta a questão ainda pouco conhecida da sujeição química e todos aguardamos com grande interesse o resultado deste processo”, disse o chefe de governo francês numa visita à Maison des femmes no hospital Hôtel-Dieu em Paris, por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

A sujeição química envolve a administração de substâncias psicoativas a um indivíduo, frequentemente uma mulher, sem o seu conhecimento, para fins de agressão ou violação.

O primeiro-ministro confirmou ainda a implementação de várias medidas como o alargamento do sistema que permite às mulheres vítimas de violência sexual apresentar queixa num hospital com serviço de urgência ou ginecologia, medida anunciada na manhã de hoje pela secretária de Estado para a Igualdade entre Mulheres e Homens, Salima Saa.

A luta contra a violência contra as mulheres é um “caminho muito longo", advertiu o chefe do Governo francês.

"Temos de ir mais longe, porque ainda não acabou”, disse Michel Barnier, ao anunciar que o sistema de saúde francês “em vários departamentos” irá reembolsar os 'kits' de deteção de submissão química, a título experimental.

Em outubro, a deputada do Modem (partido da coligação presidencial) Sandrine Josso sugeriu que as farmácias pudessem fornecer às mulheres que pensassem ter sido drogadas um “kit de deteção” ou “kit do dia seguinte” com “frascos de recolha de urina”, informações úteis para obter provas.

A maioria dos outros 50 arguidos deste caso acusados de violação agravada, identificados durante as investigações e com idades entre os 26 e 74 anos, podem também ser condenados até 20 anos de prisão, após o veredicto previsto até 20 de dezembro.

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