O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (INCF) disse hoje que, até à data, não foi detetada a presença de vespa soror em Portugal, espécie invasora oriunda da Ásia que já foi encontrada nas Astúrias, em Espanha.
Em resposta, por escrito, a um pedido de esclarecimentos da agência Lusa a propósito de um estudo da Universidade de Oviedo, que apresenta o primeiro registo europeu [quatro exemplares] da presença da vespa soror no concelho de Siero, nas Astúrias, o ICNF adianta estar a fazer “uma vigilância ativa, definida no Plano de Ação para a Vigilância e Controlo da vespa velutina [também conhecida como vespa asiática] em Portugal”.
Segundo o ICNF, através daquele plano “é ainda possível fazer vigilância preventiva na deteção de outras espécies de grandes vespas, como é o caso da vespa soror”.
A Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL) apelou hoje às autoridades nacionais que tomem “ações concretas e bem dirigidas” contra a ameaça de invasão de uma nova vespa, mais perigosa do que a asiática.
O presidente da APIMIL, Alberto Dias, referiu que, apesar de não haver registo da presença da vespa soror em Portugal, “a proximidade” do Alto Minho com a Galiza, onde a espécie também ainda não foi detetada, “deve fazer acender as luzes vermelhas e tocar as campainhas”, para não se repetir a “praga” da vespa asiática.
O ICNF garante estar “atento ao potencial aparecimento desta espécie em território nacional e está já a alertar as entidades municipais para o eventual aparecimento desta espécie, bem como da vespa orientalis, cuja presença está a aumentar no sul de Espanha”.
O instituto pede que, em caso de observação de vespa soror ou da vespa orientalis, a mesma seja reportada para o endereço eletrónico vespa@icnf.pt.
De acordo com o estudo, hoje consultado pela Lusa, a vespa soror pode “ter sido um passageiro clandestino, durante a hibernação”, em transporte de mercadorias.
Apresenta “uma coloração peculiar”, sendo que “ambos os sexos são tricolores, com áreas pretas, castanho-escuro, castanho-claro e amarelas”.
A espécie possui uma cabeça “excecionalmente grande” e “é um predador agressivo que caça invertebrados de vários tamanhos, incluindo borboletas, libélulas, louva-a-deus e gafanhotos, bem como outras vespas e até mesmo pequenos vertebrados como lagartixas”.
A vespa soror “pode gerar problemas no setor de saúde, pois a picada é muito dolorosa e produz efeitos duradouros, provavelmente por ter um veneno potente”.
“Os nossos resultados preliminares levantam preocupações sobre a ameaça potencial da vespa soror na saúde humana e na dinâmica do ecossistema, pois é uma espécie altamente predadora de outros insetos e até mesmo de pequenos vertebrados”, assinalam os investigadores da universidade de Oviedo.
O estudo sublinha que “a presença da vespa soror na região Norte da Península Ibérica, onde a invasora vespa velutina é disseminada, pode ter um efeito cumulativo aumentado e até mesmo de saúde pública já desencadeados pela vespa velutina”.
A vespa asiática entrou na Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004 e chegou a Portugal, a partir do Alto Minho, em 2011.