A plataforma da Sociedade Civil para Saúde (Plasoc-M) alertou hoje para cobranças ilícitas, insuficiência de profissionais de saúde e de equipamentos nas unidades sanitárias como “barreiras” para combater a tuberculose e do VIH/Sida em Moçambique.
“São barreiras que nós consideramos importantes para a melhoria da qualidade de serviços, como a questão das cobranças ilícitas que se repetem e este é um assunto antigo no nosso país e insuficiência de profissionais de saúde nas unidades sanitárias”, disse a presidente do conselho de direção da Plasoc-M, Gilda Jossias.
A responsável falava em Maputo durante a apresentação dos resultados de um projeto de monitoria nas comunidades, implementado pela Plasoc-M que engloba mais de 50 organizações de sociedade civil em 10 províncias moçambicanas (excluindo Cabo Delgado) desde janeiro até outubro, envolvendo 44 distritos e mais de 55 mil pessoas com VIH/Sida ou tuberculose.
Em declarações à imprensa, Gilda Jossias alertou igualmente para a discriminação sofrida durante a testagem e início de tratamento para VIH/Sida ou tuberculose nas unidades sanitárias moçambicanas, denunciando que “as pessoas são atendidas em locais não adequados para se expressar sem interferências”.
“Há falta e avaria de equipamentos de testagem para a tuberculose e HIV e é uma constatação em várias unidades sanitárias onde foram recolhidos dados; há fornecimento insuficiente de medicamentos da tuberculose assim como não se partilha informação sobre o que são modelos diferenciados e carga viral”, denunciou.
“O que constatamos é que as pessoas que estão a fazer tratamento antirretroviral não estão a receber a informação do seu estado face à carga viral, há um desafio para ter resposta (...) As pessoas que estão em tratamento antirretroviral devem saber o seu estado e muitas vezes só lhes mandam voltar em cada mês para levar medicação, mas não sabem o porquê”, acrescentou Gilda Jossias, que pede intervenção do Governo na eliminação das “barreiras” anteriormente apontadas.
O número de mortes por VIH/sida em Moçambique baixou para 48.000 em 2022, comparado aos cerca de 50 mil óbitos registados em 2021, anunciou em 22 de junho de 2023 o Governo moçambicano.
Mais de 108 mil pessoas receberam tratamento contra tuberculose desde 2019 em Moçambique, segundo dados da organização não-governamental Associação de Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) a que a Lusa teve acesso em 08 de outubro.
Segundo as estatísticas apresentadas pela associação ADPP, organismo que implementou o projeto “Mozambique Local TB Response (LTBR)” entre 2019 e 2024 no país, do total dos 108.242 notificados e tratados, 10.547 eram crianças.
A Lusa noticiou anteriormente que Moçambique registou mais de 116 mil casos de tuberculose em 2023, contra 119 mil em 2022, mas a doença continua a ser “um importante desafio de saúde pública”, indicou o Ministério da Saúde.
Do total de 116.817 casos notificados no ano passado, 11% foram diagnosticados em crianças e outros 1.685 eram de tuberculose resistente, segundo dados divulgados em março.
Em 2022, Moçambique registou 5,3 mil óbitos por tuberculose e 119 mil casos da doença, segundo um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano passado.