O presidente Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, considerou hoje excessivo relacionar as onze mortes com os atrasos na reposta do INEM durante a greve, mas não excluiu essa hipótese.
“Relacionar as mortes com os atrasos é excessivo, porque isto implica que se analise as causas da morte (…) que se perceba, através de relatórios clínicos, se haveria ou não alguma coisa a fazer se a pessoa tivesse sido atendida atempadamente”, afirmou o dirigente sindical na comissão parlamentar de saúde, onde está a ser ouvido a pedido do Chega sobre a situação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Rui Lázaro sustentou que, só a partir do apuramento ao que se passou, se “pode, ou não tentar, relacionar algumas mortes que ocorreram com os atrasos, não rejeitando o que possa ter acontecido”.
O dirigente sindical respondia a declarações do deputado do Chega Rui Cristina no início da audição, em que afirmou que “há relatos de mortes que alegadamente poderão estar relacionadas” com falhas no sistema de emergência.
“Este cenário obriga-nos a refletir, no entendimento do Chega, que este problema não é exclusivo do STEPH ou do INEM, é um reflexo também das fragilidades de todo o sistema de saúde em Portugal, que parece incapaz de responder aos desafios colocados pela falta de planeamento e de gestão de recursos, o que se impõe neste momento é um compromisso sério e conjunto que permita resolver estes constrangimentos e que, acima de tudo, restabelecer a confiança dos cidadãos nos serviços de emergência”, defendeu o deputado.
Ainda sobre os atrasos na resposta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), do INEM, e os transtornos causado, Rui Lázaro disse que o sindicato avisou que “isso ia acontecer.”
“É suposto uma greve causar transtornos, mas não são exclusivos só por causa da greve”, sublinhou, relatando que no dia 28 de outubro, dois dias antes do início da greve convocada pelo STEPH às horas extraordinárias, foi registado “o maior número de chamadas em espera em simultâneo”.
“Foram 134. Em nenhum dos dias da greve este número foi superado, portanto, o problema não foi necessariamente por causa da greve”, acrescentou Rui Lázaro.
Em 07 de novembro, o STEPH decidiu suspender a greve às horas extraordinárias, iniciada em 30 de outubro, para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, depois de ter assinado um protocolo negocial com o Ministério da Saúde.
A situação criou vários problemas no sistema de emergência pré-hospitalar.
Pelo menos 11 pessoas terão morrido na última semana em consequência dos atrasos no atendimento pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes do INEM.