O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) disse hoje que não tem “linhas vermelhas” nas negociações com o Ministério da Saúde, que vão prosseguir com uma nova reunião em 11 de dezembro.
“Nós não temos linhas vermelhas nestas negociações. É inegável que queremos ver a carreira reformulada, bastante mais atrativa, para podermos atrair mais técnicos e também uma valorização salarial que permita ser cativante”, salientou aos jornalistas Rui Lázaro, após reunir-se com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
O dirigente afirmou que espera “chegar a um acordo global nas negociações”.
“Ao longo dos últimos anos, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi assegurando o seu serviço com horas extraordinárias, chegando ao ponto de, mesmo com horas extraordinárias, não conseguir garantir a operacionalidade, nem de todos os meios de emergência médica, nem de todos os pontos de atendimento nas centrais de emergência. E foi isso que nos trouxe ao estado atual”, lamentou.
Para Rui Lázaro, “apesar dessa dependência, com o esforço que os TEPH têm feito através das horas extraordinárias”, depois de terem levantado a greve, “têm garantido uma resposta acima” do expectável.
“Só podemos desejar que as negociações decorram de forma positiva, que cheguemos a acordo para que possamos aguentar esta resposta próximo dos limites, até que entrem os novos TEPH, que nos permitem uma resposta diferente, não tão baseada nas horas extraordinárias”, sublinhou.
Em relação à notícia de hoje do jornal Público, segundo a qual o Ministério da Saúde decidiu criar um Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar, que pode ter até 100 equipas dos bombeiros, para funcionar entre dezembro e fevereiro, reforçando a resposta durante o pico da gripe, Rui Lázaro disse que falta “perceber em detalhe esse anúncio”.
“Contudo, permite-nos ter já uma perspetiva que pode não ser um aumento substancial as 100 ambulâncias. Como todos entendemos, de repente, os ‘stands’ não ficam todos sem ambulâncias, para entregar, porque demoram anos a ser entregues. […] Com certeza que serão ambulâncias que já existem no sistema. Se for assim, é positivo, porque estaremos a reduzir tempos de espera. Esperemos que não seja apenas uma questão de ‘marketing’”, afirmou.
Em 07 de novembro, o STEPH decidiu suspender a greve às horas extraordinárias, iniciada em 30 de outubro, para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, depois de ter assinado um protocolo negocial com o Ministério da Saúde.
A situação criou vários problemas no sistema de emergência pré-hospitalar.
Pelo menos 11 pessoas terão morrido em consequência dos atrasos no atendimento pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes do INEM.