O serviço de Psicologia do Hospital de São João, no Porto, organiza hoje e sexta-feira as jornadas “Prevenção, Promoção e Intervenção: a Psicologia na continuidade de cuidados”, evento com 200 inscritos que conta com apresentações, debates e ‘workshops’.
Em declarações à agência Lusa, o presidente das jornadas, Eduardo Carqueja, descreveu a pertinência desta iniciativa com a “mudança de paradigma atual” graças à constituição recente de Unidades Locais de Saúde (ULS).
“Cada vez mais procuramos aliar os cuidados de saúde primários com os cuidados hospitalares. Fala-se muito de saúde mental, mas é preciso pôr as estratégias em prática”, disse o psicólogo.
O tema daquela que é a quarta edição desta iniciativa é “Prevenção, Promoção e Intervenção: a Psicologia na continuidade de cuidados”, com destaque para “a continuidade de cuidados, lógica na qual os cuidados de saúde são fornecidos para uma pessoa de maneira coordenada e sem interrupções, independentemente de todas as complexidades do sistema de saúde, com o envolvimento de diferentes profissionais e da própria pessoa que recebe o cuidado”, lê-se num resumo enviado à Lusa.
As jornadas iniciam-se hoje com a conferência “Psicologia nos Cuidados de Saúde Primários”, por Isabel Trindade, cofundadora da Sociedade Portuguesa da Psicologia da Saúde e da Associação Portuguesa de Psicólogos dos Cuidados de Saúde Primários.
Além desta intervenção, a organização destacou a de Rute Agulhas, coordenadora do Grupo VITA, sobre o papel da psicologia na prevenção do abuso sexual em crianças e adolescentes, bem como a de Vânia Beliz, especialista em saúde infantil e dedicada à Educação Sexual e menstrual.
Dados do Grupo Vita, remetidos pela ULS São João, apontam que uma em cada cinco crianças é vítima de abuso sexual.
Já o relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), revelado em março deste ano, indica que as infeções sexualmente transmissíveis (IST) estão a disparar na Europa.
Portugal registou um crescimento superior a 50% de casos de gonorreia. Clamídia e sífilis também entram na lista das infeções mais registadas.
Seguir-se-á uma conferência sobre o suicídio em idade jovem e a ligação às questões LGBTQIA+, por Jorge Gato.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), também remetidos pela ULS São João, a taxa de mortalidade por lesões autoprovocadas intencionalmente por 100 mil habitantes subiu para 4,9 em 2022 na faixa 15-24 anos, ultrapassando os 4,3 registados em 2002, data de início dos dados consultados no site do INE.
Nos rapazes, fixou-se nos 7,4 e nas raparigas nos 2,3. Em termos absolutos, registaram-se 53 suicídios de adolescentes e jovens neste grupo etário, mais 18 face a 2021.
Na ULS São João trabalham, no total, 43 psicólogos nos cuidados hospitalares e nos cuidados de saúde primários.
O serviço de psicologia realizou, de janeiro a outubro de 2024, cerca de 19.400 consultas externas, 4.250 consultas a doentes internados, e 3.150 consultas nos cuidados de saúde primários.