O presidente do PS/Açores criticou hoje o “amadorismo” do Governo Regional no processo de reconstrução do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, e pediu respostas no imediato para assegurar os cuidados de saúde.
“O que nos preocupa é que temos uma infraestrutura que está em parte paralisada, em que não foram feitas obras, e temos soluções de recurso que estão neste momento a prestar um serviço à população que não é um serviço que nos agrada e que não é bom”, declarou Francisco César.
O líder dos socialistas açorianos falava aos jornalistas no HDES, após uma reunião com o conselho de administração.
“Não temos boa capacidade de resposta ao nível das urgências, não temos boa capacidade de resposta ao nível do que é a produção cirúrgica. Não temos boa capacidade de resposta, em suma, no que deve ser o funcionamento do Serviço Regional de Saúde”, acrescentou.
O hospital de Ponta Delgada, o maior dos Açores, foi afetado por um incêndio em 04 de maio, que obrigou à transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para fora da região.
Entretanto, o executivo dos Açores instalou um hospital modular, orçado em 12 milhões de euros, para garantir a transição até à requalificação estrutural do HDES.
Hoje, Francisco César considerou que existem “mais dúvidas do que respostas” no processo de reconstrução daquela unidade de saúde, criticando a falta de rumo do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM).
“Ao longo de todo o processo está a haver amadorismo. Está a ser feita muita coisa em cima do joelho e o caminho que está a ser seguido não é claro”, reforçou.
O socialista frisou que a construção do hospital modular “não era a solução consensual” no anterior conselho de administração e revelou que a atual direção do HDES pretende ampliar aquela infraestrutura, que ainda não tem todos os serviços operacionais.
“O serviço de urgência do hospital modular já vai ser ampliado em relação à sua solução inicial porque não foi pensado para o pico do inverno e para as respostas que eram necessárias dar”, alertou.
Sobre o atraso na reabertura de serviços no hospital modular, o presidente do PS/Açores disse estar mais preocupado com os cuidados de saúde à população no imediato.
"O governo assumiu que abria em dezembro, não abriu e vai abrir em janeiro. Essa parte é a que menos preocupa porque as obras derrapam e as coisas acontecem. O que me preocupa é a capacidade de resposta, tem de haver capacidade de resposta não é só quando abrir, é agora”, salientou.
Francisco César realçou que se a intenção do Governo dos Açores for construir um “hospital para o futuro” tal poderá implicar uma demora de 10 a 15 anos.
“A pergunta que podíamos fazer é se, entretanto, não podíamos ter reaberto o serviço de urgência [no HDES]. A administração disse que não era possível, mas, por exemplo, outras pessoas com responsabilidades em anteriores direções dizem que isso teria sido possível”, sublinhou.
Em 08 de outubro, o presidente do Governo dos Açores defendeu a aposta na infraestrutura modular até à modernização do hospital de Ponta Delgada, que deverá incluir um centro tecnológico universitário, alertando que não será uma “transição a curto prazo”.