A consultora Oxford Economics considerou hoje que a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas vai aumentar os custos do endividamento para os países africanos e deverá fazer descer os preços do petróleo.
"Uma presidência Trump significa mais inflação nos Estados Unidos devido à imposição de tarifas e a uma política orçamental mais expansionista, o que significa maiores custos de endividamento para África e um impulso inflacionário para os países que importam bens dos EUA", escreveu o diretor do departamento africano na Oxford Economics, Jacques Nel.
Numa nota sobre as implicações da vitória de Donald Trump nas presidenciais de novembro, enviada aos analistas e a que a Lusa teve acesso, o analista aponta que este aumento da inflação "surge numa altura inoportuna, já que muitos governos africanos ainda estão a lidar com as consequências orçamentais da pandemia de covid-19, guerra na Ucrânia e forte subida das taxas de juro nas economias avançadas".
Estas pressões, acrescenta, "vão ser aumentadas por um dólar mais forte, o que aumenta os custos das importações e intensifica o fardo da dívida externa" para os países que, como os lusófonos Angola ou Moçambique, têm a maior parte da dívida em moeda externa.
Por outro lado, os preços do petróleo poderão descer porque "Trump abraça os combustíveis fósseis, o que aumenta a oferta, e mostra ceticismo sobre as alterações climáticas, o que poderá travar a transição verde".
A previsível descida do preço do petróleo tem um efeito misto para os países africanos, diz o analista, salientando que, "para os países exportadores de petróleo, significa menos receitas de exportação, ao passo que para os restantes países do continente, vai representar uma pressão para fazer descer a inflação".
Assim, conclui o diretor do departamento africano da Oxford Economics, "as implicações macroeconómicas previstas de uma Presidência de Trump vão, no geral, ter um impacto negativo na maioria das economias do continente, mas isto pode ser compensado pela garantia de mais investimentos norte-americanos, o que vai requerer negociações inteligentes por parte dos governos africanos".