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Covid-19: António Costa interrompe Conselho de Ministros para ouvir opinião de partidos

LUSA
12-03-2020 14:18h

O primeiro-ministro, António Costa, interrompeu hoje a reunião do Conselho de Ministros para informar e ouvir a opinião dos líderes partidários sobre as medidas do Governo de resposta ao surto de Covid-19.

À chegada à residência oficial de São Bento, cerca das 12:30, hora prevista para receber Rui Rio, presidente do PSD, Costa afirmou ser importante ouvir os líderes dos partidos com assento parlamentar, dado que este é um tema em que deveria existir um consenso.

"Este é um daqueles momentos em que é essencial que o país sinta que os agentes políticos estão todos convergentes quanto ao objectivo comum: conter o mais possível a expansão desta pandemia e estar nas melhores condições possíveis para responder ao tratamento daqueles que estão ou venham a estar contaminados e evitar mortes", disse.

Depois das 20:00, afirmou, são retomados os trabalhos no Conselho de Ministros e serão anunciadas as medidas.

Qualquer que seja a medida, terá "grande impacto social", por isso, Costa entendeu que "era o momento de ouvir todas as lideranças partidárias".

"Acho que é útil e necessário que todos os partidos sejam ouvidos nesta matéria. Cada um, naturalmente, tem a liberdade de tomar a decisão que entender, mas o governo gostaria de ouvir a opinião de todos", disse.

António Costa recusou-se a antecipar quaisquer decisões antes de falar com os líderes partidários, nomedamente sobre o eventual encerramento de escolas, que o Conselho Nacional de Saúde Pública só aconselha caso a caso, situação e situação.

Qualquer que seja a decisão, admitiu, ela "não é isenta de consequências", quer para o sistema de ensino ou para a organização das famílias.

Em termos genéricos, o chefe do Governo afirmou, que, na primeira parte do Conselho de Ministros de hoje, foram "indiciadas" várias medidas, quer com "o encerramento de alguns espaços públicos quer com a criação de condições de apoio à manutenção da atividade económica e apoio ao rendimento das famílias que possam vir a ser afetadas".

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.

A região Norte continua a registar o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada).

O boletim divulgado hoje assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.

No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.

O Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou na quarta-feira que só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas por determinação das autoridades de saúde.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou que esta recomendação "faz sentido" e que o encerramento de escolas será feito de forma casuística "analisando o risco, caso a caso, situação a situação".

Várias universidades e outras escolas já decidiram suspender as atividades letivas.

As medidas já adotadas em Portugal para conter a pandemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

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