O Programa Alimentar Mundial (PAM) iniciou hoje no sul do Malaui uma campanha de distribuição de alimentos de emergência, para alimentar 5,7 milhões de pessoas afetadas pela fome devido à seca devastadora que afeta a África Austral há meses.
“O país enfrenta problemas climáticos mais frequentes e mais intensos, agravados por fenómenos meteorológicos como o El Niño”, explicou Paul Turnbull, diretor do Programa Alimentar Mundial (PAM) para o Malaui, país vizinho de Moçambique, estimando que 44% das colheitas tenham sido devastadas.
Charles Kalemba, diretor da agência governamental de gestão de catástrofes do Malaui (Dodma, na sigla inglesa), disse que estava a selecionar 5,7 milhões de pessoas para assistência, com o apoio do PAM e de outros doadores.
“A situação é particularmente grave, razão pela qual estamos a lançar a operação antes do prazo previsto”, acrescentou.
Do seu objetivo de 244 milhões de dólares (212 milhões de euros), o Governo do Malaui já angariou 200 milhões de dólares (180 milhões de euros) até à data, detalhou.
“Temos tido muita fome por causa da seca e não colhemos nada, por isso este milho vai dar-nos pelo menos um pouco de comida por enquanto”, disse Chrissie Kalutela, mãe de dois filhos, carregando um saco de espigas na cabeça.
A situação é pior do que nos anos anteriores devido ao duplo efeito da seca e das inundações que afetaram a zona circundante, disse à AFP Jack Mvula, diretor dos serviços agrícolas em Chikwawa, onde foi lançada a campanha.
“Fomos atingidos por secas prolongadas, pelo que a maioria dos agricultores não fez qualquer colheita. Normalmente, quando isto acontece, muitos agricultores podem recorrer às zonas húmidas para cultivar as suas colheitas. Mas este ano, o rio Shire está cheio, o que reduziu muito a terra arável nas zonas húmidas”, explicou.
Como a região está a sair do inverno, não haverá novas colheitas até março.
“A perda das colheitas está a obrigar as famílias a fazer escolhas que hipotecam o seu futuro”, afirmou Paul Turnbull, referindo-se a medidas desesperadas como “tirar os filhos da escola para trabalhar” ou “vender bens essenciais como o gado”.