A Câmara de Sintra anunciou hoje que vai cancelar todas as atividades e eventos públicos da responsabilidade do município e suspender os serviços de atendimento presencial, como medida para combater a propagação do surto de Covid-19.
De acordo com um despacho assinado hoje pelo presidente da câmara, Basílio Horta, a que a agência Lusa teve acesso, a “evolução epidemiológica que, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), se verifica em certas regiões do país, aponta para um cenário de rápido crescimento” pelo novo coronavírus.
Por isso, a autarquia de Sintra, concelho onde vivem cerca de 400 mil pessoas, anunciou a “suspensão de serviços de atendimento presencial, exceto em Espaços/Loja do Cidadão, posto de turismo do Cabo da Roca e serviços municipais de saúde humana e animal, privilegiando” os contactos telefónicos ou por correio eletrónico.
O despacho realça que serão canceladas “todas as atividades e eventos públicos da responsabilidade” do município ou “nos quais este seja parceiro”, como por exemplo espetáculos, eventos sociais, culturais, desportivos ou recreativos.
A câmara também optou pelo encerramento de bibliotecas, centros lúdicos e outros equipamentos municipais destinados a crianças e jovens, além da suspensão das atividades “desenvolvidas em piscinas e pavilhões municipais, independentemente da sua natureza”.
O despacho recomenda igualmente o reforço de “medidas de prevenção” em pavilhões escolares, em relação ao “desenvolvimento de atividades de natureza privada” que tenham sido autorizados pela autarquia, assim como a suspensão de quaisquer eventos das freguesias e associações que “impliquem concentração de participantes”.
Às confissões religiosas é aconselhada a “suspensão de atos de culto” que envolvam muitas pessoas.
Em consonância com as recomendações emitidas pela DGS, a Câmara Municipal de Sintra pede ainda à população do concelho que “se abstenha da frequência de quaisquer eventos que impliquem a concentração de pessoas, nomeadamente espetáculos, feiras e festas populares”.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.
Cerca de 117 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se no caso mais grave de epidemia fora da China, com 631 mortos e mais de 10.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
A quarentena imposta pelo Governo italiano ao Norte do país foi alargada a toda a Itália.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a DGS.
A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Segundo a DGS, há ainda 667 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do país, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.