O PCP considera inaceitável o encerramento do Serviço de Urgência do Hospital de Peniche por vários dias de setembro, exigindo ao Governo medidas urgentes para resolver o problema que a administração hospitalar reconhece ter-se agravado desde o verão.
O encerramento do Serviço de Urgência Básica do Hospital de Peniche, no distrito de Leiria, “em grande parte dos dias no mês de setembro, por períodos de 24 horas ou de partes de dia, é altamente prejudicial para a qualidade de vida e o acesso aos cuidados de saúde da população do concelho”, afirmou a concelhia local do PCP num comunicado.
Para o partido, trata-se de uma “situação inaceitável”, pelo que exige ao Governo que tome, de imediato, “ medidas que garantam o preenchimento das escalas e o funcionamento regular do serviço”.
Questionado pela agência Lusa, o Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULS) Oeste, onde se integra o Hospital de Peniche, admitiu “um ‘deficit’ de profissionais”, que tem vindo a agudizar-se desde o verão “devido à saída de três médicos, por opção própria”.
Segundo o Conselho de Administração, a saída destes profissionais levou a “dificuldades significativas para assegurar a composição das equipas do serviço de urgência e que, até à data, não foi possível resolver, por falta de médicos interessados para prestar serviço" na unidade.
A ULS Oeste, que serve 235.231 mil pessoas, assegura duas urgências médico-cirúrgicas (nos hospitais de Caldas da Rainha e Torres Vedras), uma urgência básica (em Peniche), duas urgências pediátricas (em Caldas da Rainha e Torres Vedras) e uma urgência de ginecologia/obstetrícia (em Caldas da Rainha).
Junto aos serviços de urgência médico-cirúrgicas funcionam duas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) e junto ao serviço de urgência básica uma Ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV).
“Atendendo às necessidades anuais em horas para os diversos serviços de urgência” nas referidas unidades hospitalares “verifica-se que, no global, as disponibilidades internas dos médicos do mapa de pessoal apenas asseguram 40% das necessidades”, esclareceu o conselho de administração.
No que respeita ao Serviço de Urgência Básica de Peniche, “a dependência de prestação de serviços é de 100%, uma vez que esta tipologia de urgência integra médicos não especialistas, os quais não podem celebrar contratos de trabalho com as ULS, por não integrarem a carreira médica”, acrescentou.
Considerando que a localização “não é facilitadora deste trabalho de recrutamento ativo de recursos, o CA afirmou ter vindo a aumentar “o valor hora pago aos profissionais médicos que desenvolvem atividade na Urgência de Peniche”, mas, ainda assim, “não foi possível captar o número de médicos suficiente para as necessidades” , estando prevista para breve a entrada em funções de mais um médico “que irá suprir algumas das dificuldades da escala”.
Apesar dos constrangimentos do Serviço de Urgência de Peniche, “em momento algum foi posto em causa o atendimento aos utentes urgentes da região, já que, nestas situações, os utentes são transferidos para outras unidades, de acordo com a sua condição clínica”, refere o CA na resposta enviada à agência Lusa.
O CA vincou ter sido também desenvolvido “um esforço no sentido de fomentar a partilha de recursos entre as várias unidades hospitalares, no que toca ao Serviço de Urgência, numa lógica de funcionamento em complementaridade e em rede”.
Os três hospitais da ULS Oeste servem os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral (no distrito de Leiria), Torres Vedras, Cadaval, Lourinhã e Sobral de Monte Agraço (no distrito de Lisboa).