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Covid-19: ONU lança apelo inicial de 29 milhões de euros para proteger refugiados

Lusa
10-03-2020 20:08h

A ONU lançou hoje um apelo de ajuda de emergência de 33 milhões de dólares (cerca de 29 milhões de euros) para proteger a população de refugiados face à propagação da epidemia do novo coronavírus.

Para responder às necessidades imediatas em matéria de saúde pública dos refugiados, um montante inicial de 33 milhões de dólares será necessário, “de forma a fortalecer o sistema de prevenção e de resposta à disseminação do coronavírus", afirmou o diretor-geral do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi.

“O vírus pode afetar qualquer pessoa, é da nossa responsabilidade coletiva garantir que a resposta mundial inclua todos os indivíduos", reforçou o representante.

O alto comissário realçou a necessidade de proteger as pessoas mais vulneráveis do surto de Covid-19, o nome atribuído pela Organização Mundial Saúde (OMS) à doença provocada pelo novo coronavírus, que se manifesta na maioria dos casos com sintomas leves, mas que pode ser grave ou até fatal para pessoas com sistemas imunitários mais frágeis.

Até ao momento, não foram assinalados casos de contaminação em comunidades de refugiados e de requerentes de asilo.

Segundo a ONU, mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a fugir das respetivas casas devido a conflitos, perseguições, violência e abusos, das quais mais de 25 milhões são refugiadas e cerca de 41 milhões são deslocados internos.

Dos cerca de 100 países afetados pela epidemia do novo coronavírus, 34 acolhem grupos de refugiados com mais de 20.000 pessoas, de acordo com o ACNUR.

A agência da ONU frisou que 84% dos refugiados vivem em países de baixo e médio rendimento, nos quais os sistemas de saúde, de fornecimento de água e de saneamento são muito precários.

“Os refugiados e os deslocados internos encontram-se frequentemente em áreas sobrelotadas ou onde os serviços de saúde pública estão já sobrecarregados ou carecem de recursos", reforçou o líder do ACNUR.

"Permitir o acesso total aos serviços de saúde, incluindo os mais marginalizados da nossa sociedade, é a melhor maneira de protegermo-nos a todos", afirmou Filippo Grandi.

O ACNUR apontou ainda que está a elaborar planos de emergência para enfrentar uma eventual propagação do novo coronavírus entre os refugiados, apelando a todos os funcionários da agência a verificarem os ‘stocks’ de medicamentos, de equipamento médico e de material de proteção.

“Todos neste planeta, incluindo os refugiados, os requerentes de asilo e os deslocados internos, devem ter acesso a instalações e aos serviços de saúde", concluiu Filippo Grandi.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos e cerca de 114 mil pessoas infetadas em cerca de uma centena de países.

Mais de 63 mil pessoas recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 631 mortos e mais de 10.149 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, desde o início desta crise naquele país.

Entre o número global de infetados no país, 1.004 pessoas encontram-se curadas.

A quarentena imposta pelo Governo italiano ao norte do País foi alargada, na segunda-feira, a toda a Itália.

Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.

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