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Monte Real sem termas há uma década ambiciona “voltar a estar no mapa”

Lusa
31-08-2024 09:07h

A presidente da União de Freguesias de Monte Real e Carvide, no concelho de Leiria, afirmou que a vila de Monte Real, conhecida pelas termas, encerradas há uma década, ambiciona “voltar a estar no mapa”.

“Ambicionamos voltar a estar no mapa pela nossa própria identidade e não apenas por estarmos bem localizados em relação a locais tradicionalmente atrativos como Fátima e Batalha”, disse à agência Lusa Paula Jorge.

Em fevereiro de 2014, na sequência do mau tempo, o espaço que alberga as termas de Monte Real e o SPA inundou. Reabriu em julho do mesmo ano, após obras de recuperação de 2,5 milhões de euros, anunciou na ocasião o empreendimento Monte Real - Hotel, Termas e SPA (sob gestão da DHM - Discovery Hotel Management, marca hoteleira do fundo de ativos imobiliários turísticos Discovery Portugal Real Estate Fund).

No verão de 2015, as termas não reabriram, pela primeira vez em 90 anos, o que levou hoteleiros e comerciantes de Monte Real a colocarem bandeiras e faixas pretas nos seus estabelecimentos em protesto.

Paula Jorge afirmou que o desenvolvimento económico de Monte Real, “desde 1925, esteve diretamente relacionado com o aumento do interesse pelo termalismo” e, depois, com o movimento da Base Aérea nº 5 (BA5), inaugurada em 1959.

Com “décadas de grande dinamismo local” e sem necessidade de procurar outras dinâmicas de desenvolvimento, a autarca reconheceu que “estes dois fatores de crescimento se alteraram significativamente”, apontando “a significativa redução de civis” na BA5 e o “drástico fecho das termas”.

E se “todos os negócios dependentes dos aquistas” sofreram muito, esta responsável notou, contudo, que houve “quem ficasse à espera da reabertura das termas e sucumbiu, e houve quem, mesmo com muita dificuldade, procurasse soluções e encontrasse alternativas”.

Para Paula Jorge, Monte Real “tem um carisma muito próprio” que a autarquia quer continuar a valorizar em todo o território da união de freguesias.

“Tem sido um trabalho dispendioso e moroso, de pesquisa e de preservação do património existente e da criação de novos pontos de interesse, que acreditamos irão ajudar na promoção da atratividade e no desenvolvimento de uma nova imagem positiva do nosso território”, declarou, considerando “fundamental impulsionar de novo o turismo local que permita manter as atividades económicas existentes, desejavelmente com as termas abertas, e captar novas e diversificadas”.

O presidente da Associação de Turismo de Monte Real, Joaquim Vitorino, lamentou não haver estratégia para colmatar as consequências do fecho das termas.

“Existe ainda muita capacidade de hotelaria, se não for feito nada, vão fechando uns [hotéis] atrás dos outros”, alertou Joaquim Vitorino, antigo proprietário de um hotel, vendido devido ao fecho das termas e à morte de um familiar, e que se encontra encerrado.

Segundo dados do Turismo Centro de Portugal, em 2014, em Monte Real, entre hotéis e pensões, existiam nove, com 1.026 camas. Uma década volvida, são seis os hotéis com 714 camas.

Para Joaquim Vitorino, o turista de Monte Real é a “pessoa de passagem” ou que chega enganada, pois pensa que as termas estão abertas e a sinalética em estradas mantém a indicação.

Mas há também os hotéis que trabalham com operadores turísticos estrangeiros que asseguram grupos.

“Pernoitam em Monte Real e no dia seguinte vão a Fátima ou Lisboa ou Porto ou Aveiro, e Monte Real acaba por ser só o dormitório”, referiu, concretizando tratar-se de excursões de estrangeiros, por norma franceses e espanhóis da terceira idade.

O ex-empresário avisou ainda que se a vila não tiver algo de que as pessoas possam usufruir “acabam por nunca mais voltar”.

Num dia de agosto, a Lusa ouviu de moradores relatos de saudosismo, quando a vila fervilhava de movimento, havendo quem comparasse Monte Real no final do século passado com a capital: “Faz de conta que era uma baixa de Lisboa”.

Se alguns habitantes consideram que os turistas escolhem pernoitar em Monte Real devido à proximidade de praias como Pedrógão ou Vieira, esta no concelho da Marinha Grande, outros apontam o facto de ser uma zona “pacata, calma”, mas à qual falta animação e restauração.

A Câmara de Leiria fez saber que considera a reabertura das termas “de grande importância para a economia local”, estando a acompanhar as diligências para tal.

Considerando que Monte Real “apresenta grande potencial de desenvolvimento”, a autarquia adiantou ter criado “condições especiais para promover a reabilitação urbana, com a aprovação de duas áreas de reabilitação urbana”, nos núcleos antigo e das termas da vila.

“Temos também vindo a investir na melhoria da qualidade de vida e na atratividade desta vila”, acrescentou, exemplificando com um investimento superior a 700 mil euros numa praça e de um contrato interadministrativo com a união de freguesias, através do qual o Posto de Turismo está aberto ao público.

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