O delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal estimou hoje quebras “superiores a 50%” na Páscoa, devido ao surto de Covid-19, defendendo a adoção de medidas, tal como o líder dos empresários.
Fernando Neves, em declarações à agência Lusa, não prevê que o verão “seja melhor”, considerando que se está a sentir “os efeitos negativos” do surto de Covid-19, algo que, com base no ‘feed-back’ dos empresários do setor, “está a agravar-se”.
O vice-presidente do Governo dos Açores, Sérgio Ávila, e a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro, reúnem-se na quarta-feira, em Ponta Delgada, com responsáveis locais das associações representativas do setor do turismo, justamente para análise da evolução dos impactos do surto de Covid-19.
Para Fernando Neves, este cenário surge no âmbito de uma “tendência que é global”, face à “baixa significativa da mobilidade” das pessoas, como se pode verificar nas companhias de aviação.
O responsável pela hotelaria nos Açores considera que as consequências económicas vão ser “extremamente penalizadoras”, sendo que na região as taxas de ocupação hoteleira “já são muito baixas”, estimando-se “quebras superiores a 50%, na Páscoa, em termos comparativos com 2019".
O presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna, também em declarações à agência Lusa, afirma que “é consensual que o impacto desta crise vai ser significativo”, o que “vai exigir que sejam adotadas medidas”, como está a acontecer a nível nacional e na Europa.
Para o dirigente empresarial, a adoção de uma linha de crédito, como aconteceu a nível nacional, “configura-se como pouco para a dimensão que se avizinha”, sendo necessário “seguramente mais apoios e intervenções” num problema que “não se sabe quando vai acabar ou dar a volta”.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos.
Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.