"No Estado de Bauchi, tal como noutros estados do norte da Nigéria, as equipas dos MSF estão a testemunhar um aumento sem precedentes da desnutrição. É necessária uma resposta alargada para prestar cuidados urgentes às crianças e às suas famílias", alertou a organização de ajuda humanitária num comunicado de imprensa.

A entidade comunicou que aumentou a capacidade de camas no centro de alimentação terapêutica para doentes internados na área governamental local de Ganjuwa e estão a lançar um programa integrado na comunidade para identificar e formar pessoas capazes de diagnosticar e tratar a desnutrição numa fase precoce.

Especificamente neste estado de Bauchi, mais de 5.780 crianças foram admitidas num centro de alimentação terapêutica para pacientes internados e mais de 17.220 foram atendidas em três centros de alimentação terapêutica em ambulatório entre janeiro e junho deste ano nas cidades de Kafin Madaki, Kafin Liman e Miya.

"O número de admissões aumentou 127% para os cuidados em regime de internamento e 123% para os cuidados em regime ambulatório, relativamente ao período homólogo do ano anterior", frisaram os MSF.

Os centros de alimentação terapêutica em ambulatório apoiam as crianças subnutridas antes de estas terem de ser internadas para receberem cuidados hospitalares, explicaram.

"Estamos muito alarmados com o aumento catastrófico nas admissões por desnutrição que vimos em Bauchi no primeiro semestre de 2024", disse o coordenador dos MSF em Bauchi, Rabi Adamou.

Os MSF têm apoiado o sistema de saúde local em Bauchi desde 2012, respondendo a surtos de doenças como cólera, difteria e febre de Lassa, e fornecendo cuidados de saúde, treinando pessoal médico e conduzindo atividades de promoção da saúde nas comunidades.

Em toda a Nigéria, as equipas dos MSF verificaram que as taxas de admissão nos hospitais, por desnutrição, estão a aumentar, em média, 40% em relação ao período homólogo do ano passado.

O custo de vida na Nigéria tem aumentado durante o mandato de Bola Tinubu, com a inflação a atingir um máximo histórico de 33,95% em junho.

Esta situação fez subir os preços de produtos básicos como o arroz, o milho e o inhame, tornando-os incomportáveis para muitos nigerianos.

A Nigéria é o país mais populoso de África (mais de 213 milhões de pessoas) e um dos maiores produtores de petróleo, assumindo-se como uma das maiores economias do continente.

No entanto, quatro em cada dez nigerianos vivem abaixo do limiar de pobreza, de acordo com o Banco Mundial.