Apenas 6% dos utentes que recorrem ao serviço de urgência do hospital da Póvoa de Varzim/Vila do Conde chegam por iniciativa própria e sem terem estabelecido contacto prévio, revelou hoje o presidente da Unidade Local de Saúde (ULS).
Em declarações à agência Lusa, fazendo um balanço do projeto piloto “Ligue antes, salve Vidas” que vai na segunda fase de implementação e foi em janeiro regulamentado com portaria própria, Gaspar Dias disse que atualmente “em cada 20, 19 pessoas estabelece contacto prévio antes do acesso ao serviço de urgência”.
“Neste momento apenas 6% dos nossos utentes é que vêm ao serviço de urgência sem ter estabelecido contacto prévio.
Em causa está o atendimento em urgência de adultos e um projeto piloto, o “Ligue Antes, Salve Vidas”, que visa retirar das urgências casos menos graves encaminhando-os para os centros de saúde e que, depois de Póvoa de Varzim/Vila do conde, foi alargado, em fevereiro, à ULS de Gaia/Espinho e à ULS de Entre Douro e Vouga.
“O projeto está a correr muito bem. Ninguém fica vedado de ter um acesso ao serviço de urgência quando é pelo seu próprio pé porque é sempre triado. Mas o que recomendamos é que façam o contacto antes por uma questão de organização para se aferir qual o local mais adequado para atendimento. Não tendo critério para atendimento aqui [hospital], o utente é encaminhado para os médicos de família”, disse Gaspar Dias.
Nos últimos três meses, 94% dos utentes que recorreram ao serviço fizeram antes contacto prévio.
“Na segunda fase do projeto a percentagem de doentes que chagava auto-referenciado [por iniciativa própria] tem andado na casa dos 10% e nos últimos três meses já está nos 6%. Esse número, quando começou o projeto, era próximo 60%. Não acredito que vá chegar ao zero, mas o objetivo do projeto está a ficar amplamente alcançado com ganhos diretos para o doente e ganhos para o sistema”, disse Gaspar Dias.
Admitindo que o projeto “continua em fase de afinação e podem existir constrangimentos aqui e ali”, o responsável considerou que “a Linha SNS24 tem dado boa resposta” e garantiu que “nunca, por causa do projeto, os doentes ficam por atender”.
“Podem existir constrangimentos pontuais. Porque há um pico de afluência ao serviço de urgência, porque um médico necessita de acompanhar um doente ao exterior, por uma situação de emergência no bloco e a equipa está desfalcada (…). Mas o objetivo é dar uma resposta adequada e todos a têm”, acrescentou.
Quanto à cobertura de médicos de família, Gaspar dias disse que “é muito boa” e recordou que “para este projeto em específico libertaram-se cerca de 160 vagas diárias para acomodar doentes que têm necessidade de ser atendidos por um médico mas não no serviço de urgência”.
“Temos ficado com 20 vagas por preencher diariamente, em média”, contou.
Desde que começou a segunda fase do projeto, o número de episódios diários de urgência passou de 200 para 190 e, em julho, em comparação com o período homólogo do ano anterior, reduziu 10%.
Este modelo pressupõe que o atendimento nas urgências tem de ser sempre precedido pela referenciação através da Linha SNS 24, CODU/INEM, cuidados de saúde primários, médicos ou outra instituição de saúde.