O presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave, alertou hoje para a falta de qualidade de recém-formados e pediu ao Governo para construir mais centros de formação públicos.
“O grosso dos profissionais de saúde que são colocados no mercado agora não tem a menor qualidade (...) Os institutos públicos não devem fechar, devem continuar com formações, devem crescer e o Governo devia investir nestes institutos, já devia ter construído mais institutos públicos”, afirmou hoje o presidente da APSUSM, Anselmo Muchave, em declarações sobre os atuais desafios do setor organizado pelo Observatório Cidadão para Saúde, uma ONG.
Anselmo Muchave sugeriu ao executivo a criação de bolsas de estudo restituíveis para esta classe, visando garantir acessibilidade e inclusão de todas as classes que pretendem ingressar no Sistema Nacional de Saúde.
Aquele organismo, que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos do Sistema Nacional de Saúde, exceto os médicos, reivindica, há mais de um ano, melhores condições de trabalho, exige o pagamento de horas extraordinárias, além de um melhor enquadramento no âmbito da implementação da nova Tabela Salarial Única.
A associação chegou a paralisar as atividades por diversas vezes e, em 28 de junho, anunciou a prorrogação da suspensão de uma greve que tinha sido convocada em finais de maio, resultado de negociações com o Governo, mas alerta que a situação continua caótica no Sistema Nacional de Saúde.
Na sua intervenção sobre os desafios do setor, Anselmo Muchave disse que o Governo “não estava à espera” de uma greve dos profissionais da saúde e referiu que “os problemas” apontados no caderno reivindicativo continuam sem solução.
“O que queremos é a redução das longas filas nos hospitais, no internamento deve haver medicamentos e alimentação e que o paciente se sinta com qualidade de atendimento”, disse o presidente da APSUSM, acusando os gestores das unidades sanitárias de “uso de fundos e materiais hospitalares para fazer suas próprias vidas”.
“O Governo não estava preparado para resolver os problemas da saúde. Um Governo preparado conhece os seus problemas e este nosso não os conhece”, acrescentou Muchave.
Em 28 de maio, a APSUSM anunciou a suspensão da greve que durava há quase um mês por 30 dias, após conversações com o Governo, avançando que estavam a ser cumpridos “alguns pontos de revindicações”, entre os quais a resolução das irregularidades no pagamento de subsídios, a compra de equipamentos médicos e o reenquadramento definitivo dos profissionais na Tabela Salarial Única.
Entre outros aspetos, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da "falta de alimentação", bem como o equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso".