SAÚDE QUE SE VÊ
Vivian Onano

Ativista lamenta que direitos das mulheres ainda necessitem de fundamentação

Lusa
30-07-2024 13:30h

A ativista queniana Vivian Onano declarou à Lusa que os direitos das mulheres são direitos humanos, mas sente que ainda é necessária uma fundamentação constante para se explicar a importância da igualdade de género.

"Em todas as conferências em que estou presente, há sempre a necessidade de justificar o porquê de se investir na educação das raparigas, mas nunca ouvi justificações em relação à educação dos rapazes", lamentou a ativista à Lusa, no âmbito de uma entrevista sobre o dia da Mulher Africana, que se assinala em 31 de julho.

"Se não fundamentamos o porquê de investir na educação dos rapazes, porque é que quando se trata da educação das raparigas temos sempre de apresentar argumentos? O mesmo acontece na igualdade salarial, na necessidade de se investir na saúde sexual, na representação feminina em altos cargos. Até que seja algo visto como normal, vamos sempre ter de explicar o porquê dessa necessidade", acrescentou a ativista.

Vivian Onano foi distinguida em 2015 com o prémio "Let Girls Learn" [Deixem as Raparigas Aprender], da ex-primeira-dama norte-americana Michelle Obama, pela revista 'MORE', pelo seu trabalho de defesa da educação das raparigas. 

Para si, quando há a necessidade de se justificar parece que não é "um direito das mulheres" e que lhes está a ser feito "um favor", mas considerou que é uma ação necessária para que sejam tomadas medidas para que se alcance a igualdade de género. 

"Estas são questões de direitos humanos e é suposto serem uma norma. O facto de eu ser mulher não significa que a minha educação seja inferior à de um homem", frisou.

A ativista de direitos humanos realçou ainda que todas as crianças devem ir à escola, "um requisito básico", tal como “devem ter acesso a cuidados de saúde dignos”

“Não devemos estigmatizar as raparigas pelo seu ciclo menstrual, que é algo biológico e natural", exemplificou.

"Para ser sincera, sinto-me muito frustrada com isto. Temos sempre de usar argumentos como 'vai melhorar a economia', por exemplo, e isso tem de acabar. Educar uma mulher é um direito humano e pronto", concluiu.

MAIS NOTÍCIAS