Ataques aéreos israelitas atingiram hoje uma escola e um hospital no centro de Gaza, enquanto os negociadores do país se preparavam para se encontrar com mediadores internacionais para discutir uma proposta de cessar-fogo.
Pelo menos 30 pessoas abrigadas numa escola feminina em Deir Al-Balah foram levadas para o Hospital Al Aqsa e declaradas mortas após um ataque que, segundo as forças armadas israelitas, visou um centro de comando e controlo do Hamas utilizado para armazenar armas e planear ataques.
O Governo de Gaza, por seu lado, informou que pelo menos 24 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após um ataque aéreo israelita com três mísseis contra um hospital de campanha instalado no interior de uma escola na Faixa de Gaza.
“Condenamos com a maior veemência a perpetração deste horrível massacre pela ocupação israelita contra um hospital de campanha que prestava serviços médicos a dezenas de doentes e feridos, todos eles civis”, declarou o governo do enclave em comunicado.
A escola de Khadija, em Deir al-Balah, albergava pessoas deslocadas de outras partes do enclave.
Os feridos estão a ser transferidos para o hospital Al Aqsa, situado na mesma zona, onde as equipas médicas, com poucos recursos, trabalham 24 horas por dia, confirmou à agência EFE um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza.
“Estes massacres contínuos cometidos pela ocupação israelita ocorrem num sistema de saúde colapsado pela destruição e incêndio de hospitais, com uma enorme pressão sobre o pessoal médico e o que resta das salas de operações devido à escassez de material sanitário”, denunciou o Governo do enclave num comunicado.
O Governo deplorou igualmente o encerramento contínuo da passagem de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, através da qual os doentes crónicos e os feridos costumavam sair para receber tratamento no estrangeiro, e apelou à entrada de mais combustível, essencial para o funcionamento dos hospitais.
“Apelamos à comunidade internacional para que ponha termo à guerra de genocídio e ao derramamento de sangue na Faixa de Gaza”, acrescentou.
Hoje, o exército não só intensificou os seus ataques no centro da Faixa, mas também no sul, na cidade de Khan Younis, onde ordenou a evacuação forçada dos bairros do sul ao início da manhã e pediu aos civis que se deslocassem para a zona de Mawasi, cujo perímetro é cada vez mais limitado.
Israel afirma que, de acordo com os seus serviços de informação, o grupo islâmico Hamas instalou agora “infraestruturas terroristas” na parte sul da zona humanitária de Mawasi.
Para amanhã está previsto um encontro entre as delegações de mediação do Egito, Qatar e Estados Unidos com o chefe dos serviços secretos israelitas, David Barnea, em Roma, para continuar as negociações com vista a uma trégua na Faixa de Gaza, segundo disseram hoje fontes egípcias.
A reunião quadripartida será realizada “entre funcionários egípcios e os seus homólogos dos Estados Unidos e do Qatar, com a presença do chefe dos serviços secretos israelitas na capital italiana, Roma”, disse uma fonte, que pediu o anonimato.
Esta reunião realiza-se “no âmbito dos esforços contínuos dos mediadores para alcançar um cessar-fogo em Gaza” e para avaliar “os desenvolvimentos” no sentido de um acordo.
O Egito assegurou a todas as partes presentes na reunião de Roma a sua “insistência em chegar a uma solução que garanta a liberdade de circulação dos cidadãos em Gaza e a retirada completa” de Israel da passagem de Rafah, tomada pelo exército israelita desde maio.
A reunião surge num momento de pressão contra Israel por parte do seu grande aliado, os Estados Unidos, após a vice-presidente norte-americana e futura candidata democrata, Kamala Harris, ter afirmado na quinta-feira passada, após um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que era altura de terminar a guerra de Gaza com um acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns.