A Associação Médica de Moçambique (AMM) decidiu hoje adiar para 02 de setembro o início de uma greve de 21 dias que devia começar na segunda-feira, após reuniões mantidas com o Governo.
“A greve não irá iniciar no dia 29 de julho, mas sim passará para o dia 02 de setembro. Este adiamento visa dar espaço ao Governo para que encontre soluções e implemente aquelas questões que se comprometeu a implementar durante o mês de agosto”, anunciou o presidente da AMM, Napoleão Viola, em conferência de imprensa, em Maputo, após reunião destes profissionais.
O dirigente acrescentou que após as conversações com o Governo foi decidido criar uma comissão técnica entre o Ministério da Saúde e a AMM, “para se fazer a monitoria das condições de trabalho” em todas as unidades de saúde do país, bem como analisar as reivindicações dos médicos sobre questões salariais.
“Entendemos que os técnicos são capazes de resolver isso”, apontou Napoleão Viola, garantindo que em função do cumprimento de compromissos assumidos pelo Governo, a classe decidirá nas próximas semanas “se vale a pena voltar à greve”, que a concretizar-se será a terceira em cerca de um ano.
O caderno reivindicativo anunciado anteriormente inclui melhorar o enquadramento no âmbito da Tabela Salarial Única (TSU), os cortes salariais à classe, a falta de pagamento de horas extraordinárias “há mais de um ano” e melhores condições de trabalho.
“As nossas unidades sanitárias continuam a carecer do básico. Continuamos a funcionar sem medicamentos, sem alimentação suficiente para pacientes e sem meios de diagnóstico para que possamos chegar às patologias que afetam os pacientes”, referiu anteriormente Viola.
O presidente da AMM disse nos últimos dias que apenas seis dos 23 pontos do caderno reivindicativo foram resolvidos desde o arranque das negociações com o Governo, em agosto do ano passado.
“O que vemos é a contínua degradação do nosso Serviço Nacional de Saúde. Todos viram a situação do gesso [falta de material para intervenções] propalada do Hospital Central de Nampula, mas aquilo ocorre em todo o país, incluindo no Hospital Central de Maputo”, realçou.