O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) manifestou hoje apoio à queixa das Ligas Europeias e da federação FIFPro contra a FIFA na Comissão Europeia e rejeitou o alargamento das competições “à custa da saúde e bem-estar”.
Na sequência do comunicado das Ligas Europeias, organismo presidido pelo português Pedro Proença, e da Federação Internacional das Associações de futebolistas (FIFPro), que veem o Mundial de clubes marcado para 2025 e o alargamento do Mundial de seleções, em 2026, como decisões unilaterais que constituem abuso de posição dominante, o presidente do SJPF vinca que os alargamentos competitivos colocam em risco os períodos de repouso dos atletas.
“Apoiamos a posição da FIFPro e das Ligas Europeias na defesa da saúde e do bem–estar dos jogadores. O Mundial de clubes da FIFA foi a ‘gota de água’ num ‘copo que já estava a transbordar’. Durante anos, a UEFA, a FIFA e as demais confederações alargaram os formatos competitivos. Isto tornou praticamente impossível aos jogadores de elite terem períodos de repouso adequados”, afirma Joaquim Evangelista em declarações à Lusa.
Convencido de que a FIFPro e as Ligas Europeias veem a Comissão Europeia como salvaguarda dos “direitos e garantias fundamentais dos futebolistas”, o dirigente frisa que a ação é consequência da falta de “capacidade de diálogo” entre clubes, ligas, federações, confederações e FIFA rumo a um modelo que previna o desenvolvimento do futebol à custa dos jogadores.
“Desenvolver o futebol à custa da sobrecarga humana é inaceitável. (…) O alargamento dos quadros competitivos e o desenvolvimento do futebol não podem ser feitos à custa da saúde e do bem-estar dos jogadores”, reitera.
Líder do organismo sindical desde 2005, Joaquim Evangelista considera que a FIFA não é o único organismo que se “está a portar mal” e defendeu que a ação das Ligas Europeias e da FIFPro deveria visar também a UEFA e demais federações que “alargaram formatos competitivos sem dialogarem, nem medirem as consequências para a saúde dos atletas”.
Atento à realidade da “sobrecarga competitiva”, a seu ver evidente em relatórios da FIFPro e do CIES (Observatório do Futebol) e em declarações de jogadores e treinadores de elite, como Jürgen Klopp, Pep Guardiola e os internacionais portugueses Bruno Fernandes, Bernardo Silva ou Rúben Dias, o dirigente pede “uma reflexão global” com vista a um equilíbrio entre saúde e rentabilidade.
“A FIFPro fez um levantamento da carga de trabalho dos jogadores de elite, que continuam a ser muito afetados pelos quadros competitivos. No fundo, é tentar adotar no futebol formatos que já são adotados nas outras modalidades, para que haja um equilíbrio entre os fatores de rentabilidade das competições e a saúde e o bem–estar”, defendeu.
A queixa da FIFPro e das Ligas Europeias vai decorrer em paralelo com ações de teor semelhante, interpostas pela Liga espanhola no tribunal de comércio de Bruxelas e pelos Sindicatos de jogadores de Inglaterra, França e Itália.
Na resposta, a FIFA referiu que o calendário do qual consta o Mundial de 32 clubes, a decorrer em 2025 nos Estados Unidos, com presenças de Benfica e FC Porto, foi “aprovado por unanimidade” no Conselho da FIFA e acusou as Ligas de “agirem por interesse comercial, com hipocrisia e sem consideração por todos os outros no mundo”.