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ENTREVISTA: Ministra da Saúde angolana reconhece níveis baixos de vacinação infantil no país

Lusa
17-07-2024 08:55h

A ministra da Saúde angolana, Silvia Lutucuta, reconheceu hoje, em entrevista à Lusa, os baixos rácios de cobertura vacinal infantil em Angola, que justificou, entre outras razões, com o “impacto negativo” da pandemia da covid-19.

“É importante aqui realçar que a pandemia da covid-19 teve um impacto negativo em todos os sistemas de saúde. Sem exceção. De países desenvolvidos, países menos desenvolvidos e com aquela situação, fundamentalmente, houve uma baixa substancial das coberturas vacinais”, justificou.

A governante angolana falou à Lusa à margem da sua participação no Fórum Euro-África, uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu na segunda e terça-feira em Carcavelos, arredores de Lisboa.

Sílvia Lutucuta respondia ao relatório divulgado na segunda-feira pela OMS e pela UNICEF que colocavam Angola entre os dez países que vacinou menos crianças contra a difteria, tétano e tosse convulsa em 2023.

As estimativas das duas agências da ONU dizem respeito à cobertura nacional de vacinação infantil e destacam ainda, que relativamente ao sarampo, Angola é também um dos países que regista a taxa mais baixa de cobertura, com apenas 50%.

“Angola no âmbito dessa situação implementou um plano de recuperação das coberturas vacinais em que está a trabalhar, desde junho do ano passado, com o apoio da Gavi [Aliança Mundial de Vacinas], e temos estado a recuperar as coberturas vacinais”, vincou Sílvia Lutucuta.

“É importante também aqui realçar que o nosso país já é classificado como um país de média renda e sendo um país de média renda perde os apoios que a maior parte dos países em desenvolvimento têm, sobretudo para aquisição de vacinas”, acrescentou.

A ministra angolana destacou os esforços do Governo angolano para ultrapassar os constrangimentos provocados pela pandemia e por ter passado a ser um país de rendimento médio.

“Nós temos aqui também que valorizar o esforço que o Governo de Angola tem feito há cerca de oito anos na aquisição de vacinas (…), são compradas ou adquiridas com recursos ordinários do Tesouro [dinheiros públicos angolanos] e tudo temos feito para garantir que não queremos ter crianças zero doses no nosso país e continuem o processo de vacinação”, afirmou.

“Temos a certeza que os próximos relatórios [da ONU] serão muito melhores” no retrato que vão fazer de Angola, antecipou.

Quanto ao alerta difundido recentemente pela OMS acerca do registo de casos relacionados com um novo surto epidémico da varíola dos macacos (Mpox, na sigla em inglês) na vizinha República Democrática do Congo, Sílvia Lututuca referiu o plano de contingência que as autoridades angolanas mantêm em curso.

“Desde que a OMS fez o alerta Internacional do aparecimento de varíola de macacos em vários países, não só em África, mas também houve casos na Europa e agora na região africana, na nossa região da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], nós rapidamente implementamos o nosso plano de contingência, com medidas muito assertivas para vigilância epidemiológica, laboratorial, educação da nossa população”, disse.

A governante angolana destacou também as ações de formação a quem tem responsabilidade no controlo das fronteiras e ainda à população para que, no caso de sintomas semelhantes ao da varíola dos macacos, acorra aos centros de saúde.

No passado dia 05 de julho, o Ministério da Saúde de Angola reiterou que o país não registou qualquer caso de Mpox, após exames efetuados a um caso suspeito, continuando a acompanhar a situação da doença nos países vizinhos.

A varíola do macaco é um vírus transmitido aos seres humanos a partir de macacos e roedores que se manifesta através de febre, dor de cabeça, fadiga, dor muscular, erupções cutâneas generalizadas (lesões na pele), tendo um período de incubação de cinco a 21 dias.

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