Um dos médicos que subscreveram a carta à Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria sobre as preocupações nos cuidados de saúde primários disse, após uma reunião, hoje, com a administração, que há “margem para melhorias”.
“Percebemos as dificuldades que têm a ver com aquilo que é a implementação no terreno de uma ULS (…), mas é nossa convicção também de que haverá ainda margem para melhorias e foi isso que procurámos reforçar”, afirmou à agência Lusa o coordenador da Unidade de Saúde Familiar (USF) Pedro e Inês, de Alcobaça, Bruno Carreira.
Bruno Carreira foi um dos 26 médicos com funções de coordenação de USF, de cuidados de saúde personalizados e de saúde pública que assinaram uma carta dirigida ao presidente do Conselho de Administração da ULS na qual, entre outros aspetos, consideraram urgente a criação de estratégias para fixar e atrair clínicos.
Na carta, os subscritores pediram a máxima atenção às preocupações e motivos de insatisfação, uma das quais se prende com a liquidação dos vencimentos e retroativos, alertando que a gestão verticalizada das ULS prejudica a atividade diária, uma vez que é extremamente burocratizada, além de que tem “como consequência o aumento dos tempos de resposta e redução da capacidade de decisão” dos cuidados de saúde primários.
“(…) Com a insuficiência de recursos humanos e de recursos físicos hospitalares, somos constantemente solicitados para a prescrição de exames solicitados a nível hospitalar, bem como pedidos de fisioterapia, emissão de baixas e referenciações a consultas para as quais os colegas estão impedidos de fazer internamente”, assinalaram os coordenadores.
Bruno Carreira fez um balanço bastante positivo da reunião, na qual estiveram outros subscritores do documento, além do presidente do Conselho de Administração, Licínio de Carvalho, e diretores clínicos.
“Percebemos que houve o cuidado de analisar aquilo que são as nossas preocupações se houve uma total abertura para que pudéssemos expor estas mesmas preocupações verbalmente”, declarou Bruno Carreira, assegurando ter havido “o compromisso de maior empenho ainda para a resolução” daquelas.
Segundo o médico, “uma das grandes preocupações” prende-se com a motivação dos profissionais de saúde, que é “fundamental ser salvaguardada”, para que “aqueles que estão ao serviço se mantenham em funções”, mas também para quem procura a ULS perceba que esta é “apetecível para trabalhar”.
O médico referiu que o “maior temor” dos clínicos é que, caso os aspetos mencionados na missiva não sejam acautelados, haja “ainda uma maior fuga” de profissionais.
Questionado sobre se considera haver do Conselho de Administração da ULS uma genuína vontade de resolver aquilo que os médicos expuseram, Bruno Carreira respondeu que “não há forma como duvidar”.
“Estamos todos no mesmo barco, não há aqui movimento nenhum de dissidência, antes um movimento de muita gente preocupada dos cuidados de saúde primários, afinal, somos a porta de entrada no Serviço Nacional de Saúde”, salientou.
Bruno Carreira disse que para os responsáveis dos cuidados de saúde primários há “uma série de pontos” em que se pretende “mais empenho” de quem os dirige.
O médico adiantou existir um “alinhamento de estratégias” em matérias como a fixação de médicos, a regularização de vencimentos, maior articulação entre os cuidados de saúde primários e hospitalares, e desburocratização do sistema.
A Lusa não conseguiu obter até às 16:00 um balanço da reunião por parte do presidente do Conselho de Administração.