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Covid-19: MUSP defende que saúde não pode ser condicionada por critérios economicista

LUSA
10-03-2020 16:29h

O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) considerou hoje que a situação com o coronavírus constitui “um exemplo de que os serviços de saúde não podem ficar subordinados ou condicionados por legislação que prioriza critérios de natureza economicista”.

“A aquisição de vário material clínico, de dispositivos médicos e de medicamentos para tentar debelar a infeção causada pelo vírus, não se compadece com a lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso, pois independentemente das normas da lei, nos estabelecimentos de saúde não pode faltar nada para tratar os doentes”, defende o MUSP do distrito do Porto.

Numa nota enviada à Lusa, o movimento considera que é “inadmissível que haja contratos de aquisição de medicamentos, tais como os de tratamento de doentes oncológicas, SIDA, artrite reumatoide e outros, mas também de aquisição de bens e serviços (…), que tenham sido recusados pelo Tribunal de Contas”.

“Enquanto o financiamento do SNS não for o adequado para assegurar o funcionamento dos centros de saúde e dos hospitais e para garantir todos os cuidados de saúde a que os utentes têm direito, vai sempre existir incumprimento”, considera.

Segundo o MUSP, “esta lei dos compromissos não se compadece com o regular funcionamento dos serviços públicos, muito menos na saúde” que deve estar “em primeiro lugar e acima de constrangimentos administrativos”.

“No Hospital de São João do Porto a abertura de uma unidade com a exclusiva missão de receber os utentes do coronavírus é à partida positiva e até pode ser replicada, no entanto, estão disponíveis os meios humanos e materiais para exercer essa atividade?”, questiona o movimento.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos.

Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

A quarentena imposta pelo governo italiano ao Norte do País foi alargada hoje a toda a Itália.

Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 339 casos suspeitos desde o início da epidemia, 67 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.

Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte.

Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.

Os residentes nos concelhos Felgueiras e Lousada, do distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.

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