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Médio Oriente: Mais de um milhão de crianças palestinianas necessitam de serviços de saúde mental – ONG

Lusa
24-05-2024 17:43h

A organização não-governamental (ONG) Save the Chidren revelou hoje que mais de um milhão de crianças palestinianas oriundas da Faixa de Gaza necessitam “desesperadamente” de serviços de saúde mental.

Este número abrange 90% dos menores de idade que atravessaram a fronteira do enclave palestiniano em direção ao Egito, segundo a ONG.

“Os meninos e meninas palestinianos que fugiram para o Egito desde o início da guerra estão atormentados pelos horrores que viveram e sofrem de pesadelos, irritação, enurese e ansiedade”, avançou a ONG, acrescentando que 60 mil pessoas e 5.500 médicos e pessoal hospitalar atravessaram a fronteira de Rafah em direção ao Egito.

A Save the Children recebeu mais de 500 pedidos de apoio psicossocial e de saúde mental para os civis que abandonaram a Faixa de Gaza, relatando que cerca de 90% destes pedidos são de menores de idade

Crianças que ficam perturbadas quando escutam ruídos fortes, não conseguem dormir ou são incapazes de irem sozinhas à casa de banho, segundo a ONG.

“Estão retraídos e não demonstram qualquer sinal de emoção. A exposição prolongada à guerra e à incerteza pode provocar um estado de ‘choque tóxico’”, assinalou a organização que, no entanto, admitiu a capacidade de recuperação das crianças com menos idade.

“Os meninos e meninas de Gaza sofreram danos mentais inimagináveis. (…) Atormenta-os a incerteza de não saber onde estão os seus entes queridos em Gaza e o que lhes pode ter acontecido”, indicou Laila Toema, psicóloga e assessora técnica de saúde mental e apoio psicossocial da Save the Children no Egito.

A mesma representante frisou ainda: “Apesar daquilo que passaram, as crianças são resistentes, e sabemos por experiência (…) que podem recuperar quando lhes proporcionamos apoio (…) e os ajudamos a recuperar a sensação de estabilidade, normalidade e segurança”.

Neste sentido, a ONG pediu um “aumento urgente” da ajuda internacional para enfrentar as necessidades a curto e longo prazo para os deslocados no Egito, em particular para os menores de idade.

A Save the Children insistiu num cessar-fogo imediato e recorda que as crianças “continuam a ficar mutiladas” e são vítimas de lesões físicas “com poucas opções de atenção e tratamento médico”, enquanto em outros casos os problemas de saúde mental “vão para além do ponto de rutura”.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

Rafah (sul), na fronteira com o Egito, é o principal ponto de passagem da ajuda humanitária para Gaza e onde se refugiaram mais de um milhão de deslocados palestinianos oriundos de outras zonas do território.

Apesar dos apelos internacionais, Israel mantém a ação militar em Rafah, onde diz que estão as últimas unidades ativas do grupo extremista palestiniano Hamas.

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