SAÚDE QUE SE VÊ

Sindicato dos médicos angolanos critica falta de aposta na medicina preventiva

LUSA
11-04-2024 20:20h

O Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos lamentou hoje o estado da saúde no país e criticou o Governo por apostar na medicina curativa e não na prevenção, com a construção de hospitais terciários, em detrimento dos primários.

“Nós não investimos na prevenção, infelizmente os objetivos deste Governo não estão virados para a prevenção, mas sim para a medicina curativa e, quando isto acontece, muitos doentes graves, doentes que deviam ser abordados a nível da assistência primária, vêm com muita gravidade aos nossos hospitais [terciários]”, afirmou hoje o presidente do sindicato, Adriano Manuel.

Em declarações à Lusa, o médico angolano manifestou-se preocupado com o estado da saúde no país, “que não é bom”, sobretudo devido as enchentes diárias nas instituições hospitalares, com a malária, febre tifóide, dengue, infeções urinárias e doenças diarreicas a dominarem as estatísticas.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos Angolanos, os hospitais primários registam diariamente, nas urgências, entre 200 e 300 pacientes e no nível terciário entre 500 e 1.000 pacientes só no banco de urgência.

“Quando isto acontece é porque o estado da saúde não é bom, não investimos na prevenção, não investimos no sistema de saúde primário”, insistiu, apontando também escassez a nível de medicamentos.

“Vamos encontrando nos últimos tempos uma deficiência de medicamentos, aqueles relacionados com as doenças crónicas”, realçou.

Desde o início do mandato, o Presidente angolano, João Lourenço, tem inaugurado várias unidades hospitalares, provinciais, municipais, regionais e outros de especialidade, estando em construção várias infraestruturas hospitalares.

O chefe de Estado angolano inaugurou em janeiro o Centro de Hemodiálise do Huambo, em fevereiro visitou o Hospital dos Cajueiros e as obras do Futuro Instituto de Medicina Forense, em Luanda, tendo inaugurado ainda, em 04 de abril, a primeira fase do Hospital Militar Principal.

Na sexta-feira deve ser inaugurado o Hospital Geral do Zango, no município angolano de Viana, província de Luanda.

Para Adriano Manuel, a inauguração da referida unidade hospitalar não responde às grandes inquietações dos munícipes de Viana, defendendo a necessidade de se potenciar os hospitais já existentes para responderem à procura populacional.

“O ideal seria potenciar esses hospitais já existentes com recursos humanos, com meios de diagnóstico e investir nos postos médicos, fazendo aquilo que chamamos de saúde de proximidade, que é a saúde primária. Então não me parece que vai resultar”, frisou.

O Orçamento Geral do Estado 2024 fixa despesas e estima receitas globais de 24,7 biliões de kwanzas (27,9 mil milhões de euros), com 5,5% da despesa total, que compreende 1,3 biliões de kwanzas (1,4 mil milhões de euros) dedicada ao setor da saúde.

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