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Covid-19: Governo britânico adia segunda fase de plano de combate

LUSA
09-03-2020 16:46h

Após uma reunião de emergência esta manhã, o governo britânico adiou a ativação da segunda fase do plano de ação contra a propagação do novo coronavírus no Reino Unido, onde morreram três pessoas entre 319 casos positivos.

"Tomaremos [a decisão] com base em factos e parecer científico. Neste momento, o parecer científico não sugere novas medidas de distanciamento social, mas se isso mudar, também mudaremos em conformidade", afirmou o ministro da Cultura, Oliver Dowden.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, conduziu esta manhã uma reunião de emergência com comissão COBRA, que junta membros do governo com responsáveis de agências e entidades públicas de segurança e saúde e especialistas.

Esta manhã foram também anunciadas reuniões de ministros com dirigentes desportivos, para avaliar a hipótese de cancelar eventos, ou realizá-los sem espetadores, como no caso de jogos de futebol, como já acontece em outros países, e com representantes de supermercados para garantir que existem reservas de produtos suficientes e providências para assistir pessoas que tenham de se auto-isolar.

O balanço de hoje dá conta de 319 casos positivos com Covid-19 no país, entre 24.641 pessoas testadas, tendo no domingo sido registada a terceira vítima mortal, um homem de cerca de 60 anos, em Manchester, que, segundo as autoridades, sofria de outros problemas de saúde.

Apesar de o número de casos ter desacelerado, de mais 69 no domingo relativamente a sábado para mais 46 nas últimas 24 horas, um porta-voz do governo admitiu que as previsões são que o vírus se continue a alastrar "de forma significativa".

"Continuamos na fase de Contenção, mas agora é consensual que este vírus vai espalhar-se de forma significativa, e é por isso que as autoridades têm trabalhado com rapidez noutras etapas que podemos adotar para retardar a propagação do vírus", disse.

Por enquanto, o governo britânico resistiu à pressão para tomar ação imediata, continuando a preparar medidas de contingência.

O Plano de Ação britânico tem quatro fases, de Contenção do vírus, Retardamento do contágio, Investigação das origens e cura e Mitigação do impacto se o vírus se tornar numa epidemia.

A primeira fase é a de Contenção, em que as autoridades estão concentradas em identificar casos e rastreá-los para encontrar as pessoas que estiveram em contacto para assim impedir que se propague, permitindo a preparação dos serviços de saúde.

Porque o número de casos tem vindo a aumentar todos os dias, e não se limita apenas a pessoas que vieram do estrangeiro, mas também resulta do contágio dentro do Reino Unido, e perante o risco de continuar a aumentar exponencialmente, a fase de Retardamento tem como objetivo controlar o pico do número de casos para os serviços de saúde conseguirem tratar os casos mais graves.

As autoridades britânicas querem reduzir o impacto durante a temporada do inverno, quando os hospitais estão sob pressão devido aos casos normais de gripe, e também evitar impor medidas que resultem em perturbações sociais e económicas.

As medidas possíveis para aquela fase são o encerramento de escolas, imposição de limites ou cancelamento de eventos de grande dimensão, restrições à circulação e estímulo ao trabalho remoto a partir de casa.

A terceira fase é a Investigação, envolvendo cientistas e clínicos não só para desenvolver uma possível vacina, a qual poderá levar vários meses, mas também identificar novos testes de diagnóstico e terapias com retrovirais que reduzam o impacto do vírus.

A quarta fase é a mais grave, quando a propagação do vírus já está fora do controlo e é impossível conter a propagação generalizada, as autoridades ativam a fase de Mitigação, dando prioridade nos hospitais aos casos graves e adiando outro tipo de tratamentos agendados e menos urgentes.

Nessa altura, poderão ser mobilizados profissionais de saúde aposentados recentemente e militares, e reduzidos os serviços públicos ao essencial, tendo em conta a possibilidade de uma grande parte dos trabalhadores ficarem doentes.

De acordo com a edição de domingo do jornal Sunday Times, o governo britânico admite que o Covid-19 resulte na morte de 100 mil pessoas, enquanto que, num ano normal, a gripe vitima cerca de 17 mil pessoas no Reino Unido.

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